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Autora: Mariana Chamma Ramos

Colaboradores: Daniel Augusto Mauad Lacerda e Roberta Cleto Penteado

Figura1 DC

Fonte: http://celiacosfera.wordpress.com/2011/09/11/doenca-celiaca/

Figura2 DC

Fonte: http://bioquimicadanutricao.blogspot.com/2011/06/doenca-celiaca.html

Descrição

A doença celíaca (DC) é uma intolerância permanente ao glúten – proteína presente no trigo, centeio, cevada e aveia – caracterizada por atrofia total ou subtotal da mucosa do intestino delgado e consequente má absorção.

Nos indivíduos portadores da DC a ingestão de alimentos com glúten causa danos aos vilos (protusões) que revestem a parede do intestino delgado. A DC também também é conhecida como espru celíaco, enteropatia glúten-sensível ou espru não tropical.

A DC é uma condição crônica de caráter auto-imune que se manifesta devido a ingestão de glúten associada a fatores genéticos e ambientais.

Epidemiologia

A DC tem uma prevalência semalhante em diferentes regiões do mundo. Segundo alguns estudos europeus ela afeta uma a cada 100 a 300 pessoas. Sendo a taxa de prevalência de mulheres para homens de 2:1.

Devido ao caráter hereditário da doença parentes de primeiro grau possuem chance aumentada de serem portadores da doença, quando comparados a população geral. Se a DC for confirmada por biópsia, a prevalência sobe para pelo menos 10%. Em gêmeos monozigóticos (idênticos) a prevalência é de 70%.

A DC, também, possui prevalância aumentada em algumas síndromes como: Síndrome de Down (3 a 12%), Síndrome de Turner (2 a 10%), Síndrome de Williams.

Etiopatologia

A DC é um distúrbio inflamatório auto-imune que se manifesta devido ao uso do glúten na dieta, mas que necessita da presença de fatores genéticos, imunológicos e ambientais.

Figura3 DC

Fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/surpresas_da_doenca_celiaca_13.html

O glúten é uma proteína presente no trigo, centeio, cevada, aveia e malte (subproduto da cevada). A fração prejudicial e tóxica ao intestino do paciente intolerante são as as “partes do glúten”, que recebem nomes diferentes para cada cereal. No trigo Gliadina, na cevada é a Hordeína, na aveia é a Avenina e no centeio é a Secalina.

Ao entrar em contato com a mucosa do intestino delgado, o glúten agride e danifica as vilosidades do intestino prejudicando o processo de absorção dos aliementos o que pode levar a um quadro de subnutrição.

O mecanismo pelo qual o glúten exerce sua ação tóxica ainda não foi esclarecido. Contudo, a presença de células de defesa T produtoras de citocinas -moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes– na lesão celíaca ativa possuem relação com o antígeno de histocompatibilidade – HLA, o que sugere que o sistema imunológico está ligado ao desenvolvimento da doença.

O que ainda não se sabe, é se a DC é um distúrbio inflamatório com reação auto-imune secundária ou se é uma doença primariamente auto-imune induzida por um fator externo conhecido.

DCeliaca Tab1

Fonte: J. Bai, el al. World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Doença Celíaca. 2005

Doenças auto-imunes ocorrem dez vezes mais frequentemente em adultos portadores da DC. Esta associação, entre, DC e outras doenças de caráter imunológico reforça a teoria etiopatogênica de uma resposta imunológica alterada.



Formas clínicas

A DC pode manifestar-se de variar formas, sendo a mais frequênte a típica síndrome de má-absorção intestinal com diarréia crônica, distensão abdominal e perda de peso.

A DC pode apresentar-se sobre três formas clínicas: clássica ou típica; não clássica ou atípica e assintomática ou silenciosa.

Forma clássica ou típica: inicia-se nos primeiros anos de vida e caracteriza-se pela presença de diarréia crônica, normalmente acompanhada de distensão abdominal, vômitos, irritabilidade, falta de apetite e perda de peso. O paciente também pode apresentar diminuição do tecido celular subcutâneo,

Figura4 DC

Fonte: Guia orientador para celíacos / Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil ; elaboração de Almir Correa Moraes et all. São Paulo: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, Ministério da Justiça, 2010.

atrofia da musculatura glútea e anemia. A ingestão de glúten por um período contínuo, de semanas ou meses, torna as fezes fétidas, gorduras e volumosas. A crise celíaca, evolução grave dessa forma clínica, ocorre quando há retardo no diagnóstico e no tratamento adequado principalmente nos primeiros anos de vida e é normalmente desencadeada por infecção. Esta crise pode ser fatal e se caracteriza por diarréia grave com desidratação hipotônica, desiquilíbrio hidro-eletrolítico, distensão abdominal importante, hipopotassemia (diminuição na concentração plasmática de potássio), desnutrição, hemorragia e tetania (contrações musculares involuntárias).

Forma não clássica ou atípica: essa forma clínica normalmente é mono ou oligossintomática e manifesta-se mais tardiamente na infância. As manifestações digestivas podem estar ausentes ou ocupar um segundo plano. Os pacientes podem apresentar manifestações isoladas como, baixa estatura, anemia por deficiência de ferro, anemia por deficiência de folato e vitamina B12, osteoporose, hipoplasia do esmalte dentário, artralgias ou artrites, abortos de repetição, ataxia, epilepsia, neuropatia periférica, manifestações psiquiátricas.

Forma assintomática ou silenciosa: os paciente que possuem essa forma clínica da DC possuem alterações sorológicas e histológicas da mucosa do intestino delgado sem, no entanto, apresentarem sintomas associados. A DC assintomática foi comprovada em parente de primeiro grau de celíacos clássicos e vem sendo reconhecida com maior frequência nas últimas décadas.

Dermatite herpetiforme: é uma manifestação cutânea da sensibilidade ao glúten em pacientes celíacos. A dermatite herpetiforme é uma lesão cutânea vesicular e pruriginosa, cuja diferenciação com outras doenças bolhosas pode ser difícil no período da infância.


DCeliaca Tab2

Fonte: J. Bai, el al. World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Doença Celíaca. 2005








Diagnóstico

O primeiro passo para o diagnóstico da DC é pensar na doença e nas suas manifestações clínicas. Uma consulta detalhada associada a um exame físico cuidado permite ao médico estabeler o diagnóstico de caso suspeito em pacientes que apresentam a forma clássica da DC. A combinação dos sintomas com os exames complementares, sorologia e histologia, fará o diagnóstico final da doença.

Os marcadores sorológicos são úteis para selecionar os pacientes que deverão reali

zar biópsia de intestino delgado, sobretudo aqueles que não apresentam sintomas gastrointestinais, doenças associadas a DC, familiares de celíacos. Os três principais testes sorológicos são: anticorpo antigliadina, anticorpo antiendomísio (EMA) e anticorpo antitransglutaminases (TTG).Esses marcadores, também, são empregados no acompanhamento do tratamento da DC.

Figura6 DC

Fonte: http://www.ufrgs.br/alimentus/pao/curiosidades/celiaca.htm

A endoscopia digestiva alta com biópsia de intestino delgado éconsiderada o padrão ouro para o diagnóstico da DC. Obtêm-se no mínimo quatro fragmentos do duodeno para análise do tecido em laboratório. A lesão clássica da doença caracteriza-se por mucosa plana, com criptas alongadas e aumento de mitoses.




Tratamento

O tratamento da DC consiste em um dieta estritamente livre de glúten por toda a vida. Após a retirada do glúten da dieta há

SEM-GLUTEN

Fonte: http://alshs.blogspot.com/2011/01/doenca-celiaca.html

, normalmente, normalização completa da mucosa do intestino delgado, assim com desaparecimento das manifestações clínicas. O peso e a estatura, geralmente, se normalizam após 15 meses de tratamento, sendo a normalização completa em pacientes diagnosticados antes dos nove anos de idade.

O glúten pode ser substituído pelo milho, arroz, batata e mandioca uma vez que a dieta dos indivíduos celíacos deve contemplar todas as necessidades nutricionais, de acordo com a sua faixa etária.

A dificuldade para o diagnóstico da DC e a falta de conhecimento a respeito da doença por parte da população prejudicam a adesão ao tratamento e consequentemente compromentem a qualidade de vida dos pacientes portadores da DC.

Além disso, a adesão a uma dieta totalmente isenta de glúten requer uma mudança radical nos hábitos alimentares não só do paciente, mas também dos seus familiares. Essa adesão é especialmente difícil no período da adolescência, contudo é essencial para a saúde do celíaco.

A fim de facilitar a manutenção da dieta isenta de glúten surgiram inúmeras Associações de Celíacos onde se realizam: reuniões com grupos de pais e pacientes, intercâmbio de informações e troca de receitas de alimentos sem glúten.

Para garantir a prática da dieta sem glútem, foi promulgada em 1992 a Lei Federal número 8.543 que torna obrigatória a impressão da advertência contém glúten nos rótulos e embalagens de alimentos industrializados. Contudo, os alimentos que não continham glútem não eram identificados, o que em algumas situações gerava dúvidas aos portadores da DC.

Em 2003, a Lei número 10.674 determinou a utilização das expressões contém ou não contém glútem nas embalagens de produtos industrializados facilitando a identificação dos alimentos que podem ou não podem ser consumidos pelos celíacos.


Referências

Doença celíaca formas clínicas, Disponível em:< portal.saude.gov.br/portal/.../pcdt_doenca_celiaca_livro_2010.pdf> Acesso em: 06/11/2011

Doença celíaca, Disponível em: < http://www.doencaceliaca.com.br/index.htm> Acesso em: 06/11/2011.

Doença Celíaca: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. Portaria SAS/MS no 307, de 17 de setembro de 2009. (Republicada em 26.05.10)

Guia orientador para celíacos / Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil ; elaboração de Almir Correa Moraes et all. São Paulo: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, Ministério da Justiça, 2010.

J. Bai, el al. World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Doença Celíaca. 2005

Projeto Diretrizes. Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva. 2009/2010

SDEPANIAN, Vera Lucia et al. Doença celíaca: a evolução dos conhecimentos desde sua centenária descrição até os dias atuais. Arq. Gastroenterol. vol.36 no.4 São Paulo Oct./Dec. 1999

Links relacionados

http://celiacosfera.wordpress.com/

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/doenca-celiaca-mata-42-000-criancas-por-ano-no-mundo-mas-permanece-desconhecida-no-brasil

http://www.acelbra.org.br/2004/index.php

http://www.acelbramg.com.br/

http://www.doencaceliaca.com.br/doencaceliaca.htm

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-28031999000400013&script=sci_arttext

http://www.vidasemglutenealergias.com/manifestacoes-orais-da-doenca-celiaca-o-que-uma-visita-ao-dentista-pode-revelar/1085/

http://www.youtube.com/watch?v=rXXjKQjHp6I

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