Autora: Daffne Fuzo Guerreiro Souza Ignácio.
Colaboradores: Aline Risson Oliveira, Felipe Golin Palharini e Rafaela Louise Sales.
Introdução
A Síndrome de Down, ou trissomia do 21, é o mais comum e mais bem conhecido distúrbio cromossômico. Decorre de um acidente genético que ocorre em média em 1 a cada 800 nascimentos, aumentando a incidência com o aumento da idade materna.
A síndrome é o resultado da não disjunção primária, que pode ocorrer em ambas às divisões meióticas e em ambos os pais. Geralmente o processo que ocorre na célula é identificado por um não pareamento dos cromossomos na forma devida para os pólos na anáfase, por isso um dos gametas irá receber dois cromossomos 21 enquanto o outro nenhum.
Etiologia
Embora a base cromossômica da Síndrome de Down esteja clara, a causa da anormalidade ainda é pouco entendida. Uma possibilidade do risco aumentado de casos em mães mais velhas é o modelo do “ovócito velho”, que sugere que quanto mais velho o ovócito, maior a chance de ocorrer erro na disjunção cromossômica.
Especula-se que outros fatores como distúrbios hormonais da mãe, exposição a raios-X, substâncias químicas e agentes infecciosos possam colaborar com as alterações cromossômicas. Mas nada ainda foi comprovado.
Histórico
Em 1866, o médico inglês John Langdon Down notou que existiam semelhanças fisionômicas nítidas em certas crianças com atraso mental. Ele denominou o distúrbio de mongolismo pelo fato dos portadores apresentarem os olhos amendoados parecidos com os da raça mongólica.
Porém, apenas em 1959, o geneticista Jérôme Lejeune, estabeleceu o diagnóstico da Síndrome de Down como um distúrbio genético, caracterizado pela presença de um cromossomo a mais ligado ao par 21. Jérôme deu o nome de Síndrome de Down à anomalia como forma de homenagear o Dr. John.
Fenótipo
Devido ao fenótipo característico da síndrome, esta pode ser identificada logo após o nascimento. Os portadores podem apresentar:
· Hipotonia
· Aspectos faciais dismórficos característicos
· Estrutura reduzida
· Braquicefalia com a região occipital achatada
· Pescoço curto com frouxidão da pele na nuca
· Ponte nasal baixa
· Orelhas de baixa implantação e possuem a aparência dobrada
· Olhos com manchas de Brushfield que circulam a íris
· Boca aberta frequentemente mostrando uma língua protrusa e sulcada
· Mãos curtas e largas, frequentemente com uma prega transversa palmar única e o quinto dedo encurvado
· Os pés apresentam uma maior separação entre o hálux e o segundo dedo com um sulco estendendo-se proximalmente até a superfície planta.
Os portadores da síndrome apresentam também retardo metal, possuindo um coeficiente de inteligência (QI) geralmente entre 30 e 60. A cardiopatia congênita está presente em pelo menos um terço dos lactentes nascidos e certas malformações, tais como atresia duodenal e fístula traqueoesofágica, são bem comuns na Síndrome de Down.
Genótipo
O diagnóstico clínico da Síndrome de Down geralmente não apresenta dificuldade em particular. Porém, o cariótipo se faz necessário para a confirmação da síndrome, sendo essencial para determinar o risco de recorrência.
Existem 3 tipo principais de anomalias cromossômicas ou variantes:
• Trissomia simples (trissomia 21 padrão/ livre): a pessoa possui 47 cromossomos em todas as células. A causa dessa trissomia simples é a não disjunção meiótica do par do cromossomo 21. Ocorre em cerca de 95% dos casos de Síndrome de Down. O cariótipo será: 47XX ou 47XY (+21).
• Translocação: Ocorre em cerda de 3% a 4% dos casos. O paciente possui 46 cromossomos, porém, parte do material de um cromossomo 21 adere-se ou transloca-se para outro cromossomo (geralmente o 14 ou o 22). Pode ocorrer antes ou durante o momento de concepção. Cariótipo: 46XX (t14;21) ou 46XY (t14;21). Diferentemente da trissomia simples, a síndrome de Down com translocação não evidencia relação com a idade materna, mas existe recorrência alta em famílias nas quais os pais possuem translocação.
• Mosaico: Ocorre em cerca de 2% a 4% dos casos. A alteração genética compromete apenas parte das células, ou seja, algumas células possuem 47 cromossomos e outras 46. Os casos de mosaicismo podem originar-se da não disjunção mitótica nas primeiras divisões de um zigoto normal. Nesta situação, o fenótipo do paciente pode variar bastante. Cariótipo: 46XX/47XX ou 46XY/47XY (+21).
Risco de recorrência
O risco de recorrência da trissomia do 21 após o nascimento é no geral, de cerca de 1%.
Incidência
Embora a maior incidência de nascimento de bebês com síndrome de Down aconteça quando as mães engravidam com mais de 35 anos, qualquer casal pode ter filhos com a síndrome, independente da raça ou condição social.
A incidência de um indivíduo ser portador de Síndrome de Down é de 1:800 nascidos vivos no mundo. Já no Brasil, calcula-se que a cada 600 bebês que nascem, 1 possua Síndrome de Down. Isto significa que nascem oito mil bebês por ano no Brasil.
Diagnóstico
O diagnóstico, em geral, é feito pelo médico após o parto, levando-se em conta as características fenotípicas peculiares. A confirmação é feita através do estudo cromossômico (cariótipo). O cariótipo é, geralmente, realizado a partir do exame dos leucócitos obtidos de uma amostra de sangue periférico. Somente este exame é que realmente comprova o cromossoma extra com um número total de 47, como resultante de uma trissomia do cromossomo 21.
Pode também ser realizado o diagnóstico pré-natal quando existem indicações para isto, como: idade materna avançada (acima de 35 anos), histórias de Síndrome de Down familiar, um dos pais portador de translocação cromossômica no cromossomo 21, malformações fetais diagnosticadas pelo ultra-som e testes de triagem pré-natal alterados. Os métodos utilizados são: coleta de vilosidades coriônicas, amniocentese, dosagem de alfafetoproteína, cordocentese e, atualmente se utiliza também da técnica de DNA recombinante.
Amostra de vilocorial: realizada entre a oitava e a décima primeira semana de gravidez. Consiste na retirada de amostra de um pedaço de tecido placentário obtido por via vaginal ou abdominal. As vantagens sobre a amniocentese é a possibilidade de realização mais cedo e os resultados são mais rápidos, porém, os riscos de aborto são maiores.
Amniocentese: realizada entre a décima quarta e décima sexta semana. Consiste na coleta do líquido amniótico por aspiração através de uma agulha inserida na parede abdominal. Será realizado uma análise cromossômica deste líquido. O resultado demora de 2 a 4 semanas. Os riscos de aborto ou dano ao feto são pequenos.
Dosagem de alfafetoproteína materna: consiste na triagem de alfafetoproteína no sangue das mulheres grávidas. Níveis baixos se relacionam com desordens cromossômicas.
O aconselhamento genético é a prática preventiva mais satisfatória. O médico deve avaliar todos os fatores que podem aumentar a chance de um casal gerar um filho com Síndrome de Down.
Tratamento
A alteração cromossômica é incurável, mas os tratamentos podem auxiliar na vida do paciente, contribuindo para um aumento do desenvolvimento. A participação dos pais, professores e terapeutas pode produzir resultados muito satisfatórios. A criança com a síndrome precisa participar da vida da família como outras crianças. Deve ser tratada com o mesmo respeito, carinho e naturalidade.
Sobrevida
Graças aos avanços da medicina, a expectativa de vida das pessoas com Síndrome de Down vem aumentando significativamente nos últimos anos. Porém, ainda apenas 20 a 25% dos conceptos com trissomia do 21 sobrevivem ao nascimento devido as altas taxas de anormalidades cromossômicas.
Referências Bibliográficas
DAMANESCO, Karina L. C.; CUNHA, Márcia C.; STREIT, Carla. Síndrome de Down. Publicado em: http://www.aprendizagemsignificativa.com.br/inclusao/SINDOME_DE_DOWN_ESTUDO_GENETICO.pdf
Fundação Síndrome de Down. Disponível em: http://www.fsdown.org.br
LEITE, Leonardo; Síndrome de Down. Publicado em: http://www.ghente.org/ciencia/genetica/down.htm
NASCIMENTO, Márcia L. C.. Síndrome de Down. Publicado em: http://www.nascimento.eng.br/marcia/02_down.pdf
NUSSBAUM, Robert L.; WILLARD, Huntington F.; MCINNES, Roderick R. - Thompson & Thompson, Genética Médica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2008.
Links relacionados
APAE – Associação de Pais e Amigos dos excepcionais: http://www.apaebrasil.org.br/
Espaço Down: http://espacodown.wordpress.com/
Portal Síndrome de Down: http://www.portalsindromededown.com/
Site da Fundação para Investigação da Síndrome de Down: http://www.dsrf.org/ (inglês)
Site da National Down Syndrome Society: http://www.ndss.org/ (inglês)
Site do Congresso Nacional de Síndrome de Down: http://www.ndsccenter.org/ (inglês)
SOS Down: http://www.sosdown.com/
--Daffne F. G. Souza Ignácio 22h22min de 1 de dezembro de 2011 (UTC)