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Autor: Hilton Edson Vidotti Junior.

Colaboradores: Eduardo Langsch Dugaich, Fernanda Simão Cenovicz, Thiago Vieira Botelho.


Introdução

O medo é um sentimento que se manifesta em reação a um estímulo físico ou mental. Sentir medo não é necessariamente ruim, na verdade o medo é fundamente para a sobrevivência. Imagine se o homem primitivo fosse desprovido do medo, sua resposta de luta e fuga a uma situação de risco não existiria podendo comprometer sua sobrevivência.

Existem situações em que a resposta ao medo torna-se exacerbada o que também prejudica a sobrevivência, uma vez nesse estado o individuo não confronta as situações de perigo que são muitas vezes a única forma de sobreviver. Quando o medo se instala em forma de doença damos o nome de fobia.

Alguns fatores ajudam a verificar quando o medo passa a ser patológico: persistência do medo, evitar a situação vivida, a irracionalidade percebida e o grau de incapacidade associado.

Pode-se classificar a fobia em 3 graus: fobia simples, fobia social e agorafobia.

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Fonte:http://marmitafilosofica.blogspot.com/2009/02/sobretudo-fantasia.html

O termo agorafobia é formado por dois radicais gregos: Ágora, que significa assembléia, reunião de pessoas; e Phobos, deus grego filho de Ares e Afrodite, que costumava ser evocado para assustar os inimigos, passando no século 19 a ser usado em psiquiatria para designar medo. Inicialmente agorafobia significava medo de lugares abertos, entretanto, o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) classifica-a como transtorno de ansiedade e define-a como comportamentos de esquiva ou ansiedade a locais ou situações das quais poderia ser difícil ou embaraçoso escapar ou nas quais o auxilio poderia não estar disponível, no caso de um ataque de pânico ou sintomas do tipo pânico, estabelecendo ainda uma distinção entre agorafobia com e sem ataques de pânico.

O CID-10 define agorafobia como: Grupo relativamente bem definido de fobias relativas ao medo de deixar seu domicílio, medo de lojas, de multidões e de locais públicos, ou medo de viajar sozinho em trem, ônibus ou avião. A presença de um transtorno de pânico é freqüente no curso dos episódios atuais ou anteriores de agorafobia.

Karl Jaspers assim descreveu uma situação agorafobica: “Quando o paciente deve atravessar uma praça ou se encontra numa rua deserta diante de fachadas altas e largas, apossa-se dele um enorme sentimento de medo de morrer, ligado a um tremor generalizado, pressão no peito, palpitações, sensações de calafrio ou de calor que sobe para a cabeça, transpiração, sensação de estar preso ao solo ou de fraqueza das extremidades, com medo de cair”.

Segundo estudos realizados pelo National Institute of Mental Health, aproximadamente um terço das pessoas com transtorno de pânico tornam-se agorafóbicas, evitando situações e lugares em que possa haver menor probabilidade de obterem ajuda, caso sejam acometidas por um novo ataque de pânico.

Durante o ataque de pânico um individuo pode ter sintomas como: falta de ar, taquicardia, tremores, vertigens, tonteiras, sudorese, náuseas, formigamentos, pernas bambas, dor no peito, etc., bem como ideações relacionadas ao pavor de morte por asfixia ou ataque cardíaco, de ficar louco, de perder os sentidos ou da perda total do controle.

As primeiras ocorrências de ataques de pânico tendem a iniciar-se mais comumente na adolescência e início da juventude, mas podem ocorrer em qualquer idade e vir a instalar-se como transtorno durante toda

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Fonte:http://descompassado.com/o-grito-edvard-munch/

a vida adulta, sendo as mulheres quem apresentam maior prevalência.


Diagnóstico

O diagnóstico para agorafobia é confirmado pela existência do comportamento caracterisco de hesitação a determinados locais por medo de sofrer um ataque de pânico ou apresentar sintomas parecidos com um ataque ou simplesmente passar mal.

O diagnóstico diferencial para distinguir agorafobia e fobia social, fobia especifica e transtorno de ansiedade de separação grave pode ser difícil, uma vez que todas essas condições caracterizam-se pela esquiva de situações especificas.




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Tratamento

No tratamento devem sem tratados os sintomas do ataque de pânico sendo que a terapia farmacológica tem sido adotada como primeira alternativa de tratamento, devido ao alívio que produz na sintomatologia, apesar da ocorrência de efeitos colaterais, dentre os medicamentos destacam-se ansiolíticos e antidepressivos.

O National Institute of Mental Health mostra bons resultados em pacientes com síndrome do pânico que aderem ao tratamento nos estágios inicias da doença sendo possível impedir a sua evolução, evitando-se o surgimento e/ou a instalação da agorafobia. A modalidade de tratamento mais efetiva consiste na combinação entre a terapia medicamentosa e a análise cognitivo-comportamental.

A Terapia Cognitivo-Comportamental tem como objetivo eliminar ou modificar os pensamentos que possam piorar os sintomas, ao mesmo tempo em que almeja que o individuo enfrente as situações de esquiva.

Para isso varias técnicas são utilizadas dentre outras se destacam:

Relaxamento: na qual se ensina ao paciente a relaxar sua musculatura progressivamente;

Retreinamento da Respiração: através da respiração diafragmática e lenta o paciente consegue que sua respiração volte ao normal durante um ataque de pânico;

Inervação Vagal: na qual se ensina o paciente a realizar massagens no seio carotídeo para controle da taquicardia.

Exposição Interoceptiva: nessa técnica reproduz sensações semelhantes às vivenciadas durante um ataque de pânico e fazer com que o paciente não tema os sintomas apresentados durante um ataque.

Reestruturação Cognitiva: nessa técnica o paciente aprende a identificar pensamentos superdimensionados que ele pode apresentar quando em ataque afim de que possa substituí-los controlando melhor o ataque

Exposição: esta técnica de controle de ansiedade, expõe o paciente a ataques de pânico controlados a partir de estímulos aversivos, de maneira que o paciente aprenda a diminuir a ansiedade durante o ataque.

Auto-Instrução: o paciente deve desenvolver pensamentos adequados durante uma situação de temor modificando também seu comportamento para adequá-los a cada situação.

Uma estratégia interessante que é ensinada aos pacientes consiste do artifício ACALME-SE, lembrando disso o paciente a cada letra da palavra usa de uma técnica para controlar a ansiedade

A: Aceite a sua ansiedade.

C: Contemple as coisas à sua volta.

A: Aja com a sua ansiedade. Aja como se você não estivesse ansioso.

L: Libere o ar dos seus pulmões, bem devagar.

M: Mantenha os passos anteriores, repetindo-os um a um.

E: Examine os seus pensamentos.

S: Sorria, você conseguiu!

E: Espere o futuro com aceitação.

Os pacientes são orientados a realizar hiperventilação no passo quatro(L) e a realizar o treino respiratório ao final do exercício.

Existem ainda tratamentos tecnológicos, que vem apresentando resultados relevantes no controle sintomatológico da ansiedade:

O Alpha-Stim é um aparelho que produz estimulação craniana por eletroterapia,sua função é diminuir a sensação de ansiedade,impedindo o ataque de pânico no início.

Já na versão Alpha-Stim Stress Control System, os eletrodos podem ser usados em qualquer parte do corpo.

Eye Trek TV, um monitor com som surround, que pode ser conectado ao computador, DVD ou VCR e sua proposta é realizar Terapia de Realidade Virtual, conscientizando o paciente a usar técnicas de autocontrole.


Referências Bibliográficas:

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SAULLE, Henri Legrand du. Estudo clínico sobre o medo dos espaços (agorafobia, dos alemães) - neurose emotiva. Rev. latinoam. psicopatol. fundam., São Paulo, v. 14, n. 2, June 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142011000200009&lng=en&nrm=iso>. access on 26 Nov. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-47142011000200009.

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