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Autora: Thalia Macaris

Colaboradores: Ana Carolina A. Silva, Fabiana B. Z. Motizuki e Jéssica de A. Kulevicz

O transtorno de personalidade

Figura1TPB

Fonte: http://www.alunosonline.com.br/biologia/transtorno-personalidade-borderline.html

O termo personalidade se refere a aspectos do indivíduo observados pelos outros, envolvendo características emocionais e comportamentais que tornam cada pessoa única. Estes atributos são formados, principalmente, no início da vida, sofrendo influência da hereditariedade, do ambiente, das pessoas e da cultura. Já, o conceito de transtorno de personalidade, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV – American Psychiatric Associatin) o define como experiências subjetivas ou comportamentos que desviam dos padrões culturais do indivíduo, causando sofrimento ou prejuízo em sua vida (1).



    O transtorno de personalidade limítrofe (TPL) ou transtorno de personalidade Borderline (TPB), bastante prevalente na população, ganhou este nome, pois um psicanalista americano, ao analisar alguns de seus pacientes, não conseguiu classificá-los nem no grupo dos psicóticos, nem dos neuróticos, era como se ficassem na “fronteira”, no “limite” desses dois diagnósticos e passaram então a ser chamados de bordelines (border = fronteira, line = linha) ou limítrofes (3).

Causas 

Estudos demonstram que o TPL, assim como outros distúrbios de personalidade, não é causado por um único fator, mas sim por uma combinação deles, envolvendo (2, 3, 4, 5):

- Fatores genéticos: foi observado que o transtorno é cinco vezes mais frequente entre parentes biológicos de primeiro grau do que na população geral.

- Fatores biológicos: por exemplo, uma alta quantia de testosterona gera maior impulsividade, ou então, disfunções no funcionamento cerebral, como o baixo nível de neurotransmissores (substâncias químicas liberadas pelos neurônios).           

- Fatores psicológicos: como experiências difíceis e traumáticas na infância, acontecimentos estressantes durante a adolescência, entre eles, os principais são abuso sexual, abuso físico, presenciar um violência e a separação dos pais. 

- Fatores sociais: como a classe econômica, também pode desempenhar uma função importante no distúrbio.

Início

Algumas características da doença podem aparecer já na infância e na adolescência, mas costumam ser mais presentes e mais intensas nos primeiros anos da fase adulta (em torno dos 20 anos), persistindo por toda a vida, porém, por volta dos 40 a 50 anos o transtorno tende a alcançar um certo equilíbrio(3,4,5).

Como os sintomas são percebidos na maioria das vezes na adolescência, a família pode supor que a rebeldia, a instabilidade, a impulsividade e o descontrole emocional são eventos típicos da idade, não tratando o problema como deveria.

Características diagnósticas 

Segundo a DSM-IV, o diagnóstico deve ser feito no inicio da vida adulta e pode aparecer de 247 formas diferentes, pois o paciente deve apresentar pelo menos cinco, dos nove critérios de diagnósticos para o transtorno de personalidade Borderline, citados abaixo (1):

1- Tentam evitar ao máximo, um abandono real ou imaginado.

Figura2TPB

Fonte: http://carlike.wordpress.com/2012/02/19/relacao-entre-a-baixa-auto-estima-e-os-comportamentos-auto-destrutivos

Os indivíduos temem o abandono, a separação ou a rejeição, não toleram a solidão e acreditam que isso acontece porque são “maus”, sendo assim, agem de forma impulsiva e com comportamentos que muitas vezes causa uma reação de culpa e superproteção por parte das pessoas a sua volta, como os autodestrutivos. Este é um dos motivos de serem tão dependentes de sua família.

2- Seus relacionamentos com outras pessoas são instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de valorização e desvalorização.

Eles podem idealizar relacionamentos e se tornarem dependentes, ou seja, criam relacionamentos perfeitos, devido o medo da solidão, mas quando suas expectativas não são atendidas demonstram raiva contra tais pessoas, ou seja, desenvolvem admiração e desencanto por alguém muito rapidamente, para eles “ou se ama ou se odeia”, não há um meio termo.

3 - Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistência da autoimagem ou do sentimento de si mesmo. 

O indivíduo pode demonstrar grandes mudanças, seja de opiniões, objetivos, valores, amizades, carreira e orientação sexual, muitas vezes se sentem culpados e maus, logo em seguida se sentem vazios. Estas situações ocorrem normalmente por sentirem falta de um relacionamento concreto, de apoio e atenção. 

4 - Impulsividade em pelo menos duas das áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa.

Por exemplo, gastos financeiros, sexo, abuso de álcool ou drogas, direção imprudente, comer compulsivamente, sendo esta, uma busca desenfreada de algo que possa preencher o “vazio” que sentem.

Arquivo:Figura3TPB.jpg.jpg

Fonte: http://elucubracoescristas.blogspot.com.br/2012/08/auto-mutilacao-saiba-como-identificar.htm

5 - Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante, como cortar-se e queimar-se.

Costumam ser desencadeados por ameaças de separação ou rejeição e por situações que exigem grande responsabilidade, veem essas atitudes como uma forma de alívio, pois para eles a dor física é menor do que a emocional. O suicídio aparece em 8 a 10% dos casos. 6 - Instabilidade afetiva devido a acentuada mudanças do humor.

No indivíduo com o transtorno, são frequentes episódios intensos de ansiedade, raiva, desespero, que duram de horas a dias, com curtos períodos de bem-estar e satisfação.

7 - Sentimentos crônicos de vazio.

São pessoas facilmente entediadas, acham tudo monótono e enjoativo, estão sempre procurando algo para fazer.

Figura4TPB

Fonte: http://rodamaterna.wordpress.com/atendimentos/individual/

8 - Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva.

Geralmente ocorre quando alguém importante está sendo indiferente ou distante, tornando-se verbalmente ofensivo ou fisicamente agressivo, mas depois se sente envergonhado e culpado, o que pode diminuir ainda mais sua autoestima.

9- Episódios psicóticos transitórios.

São pouco frequentes, tendem a duram minutos a horas, na maioria das vezes aparece em situações de estresse ou abandono, os mais comuns são se sentirem observados, perseguidos, assediados ou comentados. 


Características diferenciais de gênero

A maior prevalência em mulheres é o principal diferencial entre os gêneros, devido diferenças sociais e biológicas, elas possuem duas vezes mais chance de desenvolver o transtorno. O abuso sexual pode ser o provável motivo para que haja mais diagnósticos no sexo feminino, pois este fator é muito comum nas histórias de TPB, levando alguns estudiosos a acreditar que o bordeline é uma forma grave de transtorno de estresse pós-traumático.

Homens com a doença são os que mais abusam de substâncias como álcool e drogas, além de, apresentarem maiores características narcisistas e antissociais. Já as mulheres, sofrem muito mais com problemas na identidade, transtornos alimentares, de ansiedade e histeria.

Depressão, ansiedade, obsessão, compulsões e manias que prejudicam as atividades do dia a dia são mais frequentes no sexo feminino.

Tratamento 

A Psicoterapia tem sido o tratamento de escolha para o TPB, são sessões de conversas entre o médico e o paciente, onde o paciente fala de suas aflições e seus problemas, o que pode o ajudar no seu autoconhecimento. O médico, escuta sua história para saber onde ou por que o problema começou para então tentar melhorá-lo ou resolvê-lo.  

Figura5TPB

Fonte: http://www.o-que-e.com/o-que-e-psicoterapia/

Alguns aspectos são recomentados para a psicoterapia de pacientes limítrofes, primeiro, a terapia não deve ser breve, o relacionamento entre o paciente e o terapeuta precisa ser forte, devem criar um vínculo de confiança e respeito, já que esses pacientes possuem dificuldade em relações interpessoais, o terapeuta necessita ser ativo, isto é, não deve apenas ouvir. Tanto terapias individuais, como em grupo são usadas nestes casos (5).

Os medicamentos também podem ser usados em pontos específicos da personalidade que interfere na vida do paciente, como antipsicóticos, para o controle da raiva, antidepressivos, para a melhora do humor, entre outros que devem ser escolhidos pelo médico de acordo com características do paciente e de sua doença.

Epidemiologia

De acordo com o DSM-IV (1995), o transtorno de Borderline está presente em 2% da população mundial, desse total 10% são pacientes psiquiátricos ambulatórias e 20% pacientes internados.

Entre os pacientes psiquiátricos com transtorno de personalidade que buscam ajuda médica, os Bordelines representam de 30% a 60% dos diagnósticos (1).

Referências Bibliográficas

1. American Psychiatric Association - APA. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 4th ed. (DSM-IV). Washington, D.C: American Psychiatric Association; 1994. 

2. CUNHA P.J.; AZEVEDO M.A.S.B. Um Caso de Transtorno de Personalidade Borderline: Atendido em Psicoterapia Dinâmica Breve. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília, v. 17, n. 1, p. 05-011. 2001.

3. NETO A.C.; GAUER G.J.C.; FURTADO N.R. Psiquiatria para estudantes de medicina. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. p.571-577.

4. NETO M.R.L.; ELKIS H. Psiquiatria básica. 2ed. São Paulo: Artmed, 2007. p. 346-353.

5. SADOCK B.J.; SADOK V.A. Compêndio de psiquiatria: Ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 9ed. São Paulo: Artmed, 2007. p. 853-64.

Links relacionados

1. Ambulatório para transtorno de personalidade/Departamento de psiquiatria-UNIFESP - http://www.unifesp.br/dpsiq/novo/d/amborder/

2. American Psychiatric Association – http://www.psych.org/

3. Associação Brasileira de psiquiatria – http://www.abp.org.br/portal/

4. Borderline Personality Disorder Today -http://www.borderlinepersonalitytoday.com

5. Departamento de psiquiatria/USP -http://www.psiquiatriafmusp.org.br/departamento/

6. Mental Help: Dr. Rubens Pitliuk, Psiquiatra Chefe de Equipe do Hospital Albert Einstei - http://www.mentalhelp.com/

7. National Education  Alliance Borderline Personality Disorder - http://www.borderlinepersonalitydisorder.com/

8. Veja: Entrevista com Erlei Sassi, psiquiatra e psicoterapeuta - http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/videos-veja-entrevista/erlei-sassi-psiquiatra-e-psicoterapeuta-o-transtorno-borderline-tem-cura-os-sintomas-podem-ser-controlados-ate-desaparecerem/

Vídeo

Transtorno de Personalidade Borderline (TBD) O que é? - http://www.youtube.com/watch?v=OayxwH2JYf4

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