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Autora: Claudia Cristina Lovatel

Colaboradores: Bruna Scolaro Stasievski, Francisco Simão Pabis, Vanessa Girardi de Lima


Introdução:

A correria do dia-a-dia, a má alimentação diária e o estado de estresse da população no geral, são alguns dos fatores que podem levar ao acometimento de lesões no organismo como um todo, em especial nosso aparelho digestivo, como por exemplo, no caso as gastrites.

Gastrite 1

Fonte: http://mediscan.com.br/img_upload/image/Gastrite-1.jpg

A gastrite consiste em uma inflamação no estômago que acomete a camada superficial interna, mais conhecida como mucosa gástrica, causada por substâncias que podem irritar ou agredir a integridade da parede do estômago.

Ela é classificada através de critérios histológicos (visualização do tecido em microscópio), ou através da endoscopia digestiva alta para a avaliação da mucosa gástrica, e é dividida em gastrite aguda ou gastrite crônica.




Definição:

A gastrite aguda é geralmente de surgimento súbito, apresenta uma evolução rápida e facilmente está assoc

Gastrite 2

Fonte: http://www.rogeriotoledojunior.com.br/wb/media/gastrite.jpg

iada a um agente causador específico. Se não tratada pode evoluir para um quadro crônico, mas geralmente é de fácil resolução e de natureza transitória.

A gastrite aguda apresenta um aspecto morfológico macroscópico com presença de inchaço e vermelhidão local na mucosa gástrica, mas as características normais do estômago permanecem no seu estado normal. No aspecto morfológico microscópico apresenta edema e pode haver infiltrado de neutrófilos na parede.






Já na gastrite crônica, trata-se da presença de um processo inflamatório de forma prolongada na mucosa gástrica que leva a uma perda do aspecto normal da parede do estômago, p

Gastrite 3

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_BtG6TilFR3I/S-72ExMzGmI/AAAAAAAAAWQ/PQRtOLWViAc/s400/gastrites1.jpg

odendo evoluir para uma atrofia da parede do estômago ou até mesmo para o surgimento de uma modificação das células epiteliais da parede gástrica.

Nos achados morfológicos macroscópicos da gastrite crônica, observamos vermelhidão local, textura alterada e aspecto “mole”. Nos achados morfológicos microscópicos, inflamação com presença de linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e atrofia das células da parede gástrica.



Fisiopatologia:

Quando nos alimentamos, para que nosso organismo absorva os nutrientes necessários para a sobrevivência, necessitamos que os alimentos sofram modificações em suas estruturas para que possam ser utilizá-los como fonte de energia por todas nossas células do corpo.

O início do processo digestivo começa na boca, através da mastigação. A trituração dos alimentos junto com a saliva umedece os alimentos quebrando-os em partículas menores para uma melhor ação de enzimas que estão presentes na saliva, como por exemplo, a alfa-amilase (que auxilia a digestão de amido) e a mucina (que é responsável pela lubrificação do alimento como um todo e também tem ação protetora da mucosa da boca).

O bolo alimentar então passa pela faringe e conseqüentemente pelo esôfago, onde não sofre nenhuma modificação, apenas através dos movimentos peristálticos mesclam ainda mais esse bolo alimentar até sua chegada ao estômago.

No estômago, um órgão oco com formato de uma bolsa com capacidade de mais ou menos 1,2 litros, é onde o bolo alimentar sofrerá uma maior modificação e degradação tanto de amido, como de proteínas e gorduras.

Ele é dividido em 5 regiões: cárdia, fundo, corpo, antro e o píloro (que se comunica com o duodeno). Assim, apresenta glândulas que são responsáveis pela secreção de enzimas que atuam no bolo alimentar.

O

Gastrite 4

Fonte: http://docs.google.com/

estômago apresenta células secretoras de muco que revestem toda sua superfície, e a mucosa estomacal possui dois tipos de glândulas tubulares:

a) glândulas oxínticas (também conhecidas como gástricas) que secretam ácido clorídrico, pepsinogênio, fator intrínseco e muco;

b) glândulas pilóricas que secretam principalmente muco para proteger a mucosa na região pilórica do ácido presente no estômago e também secretam a gastrina (que é um hormônio que tem função no controle da secreção gástrica como um todo).


Assim, todos nós sabemos que o estômago apresenta um pH de 2 em condições normais. Essa acidez se faz necessária para que nosso organismo consiga desestruturar a maioria das moléculas do bolo alimentar para que consigamos absorve-las no intestino.

Então é importante que estejamos num constante equilíbrio para que esses ácidos secretados por essas glândulas não afetem a integridade da parede do nosso estômago.

Quando isso ocorre, temos um quadro clínico conhecido como gastrite, que está relacionado com uma produção ineficaz de muco, que é o grande responsável da proteção de toda a mucosa gástrica do estômago.

Essa ausência e/ou diminuição de muco no estômago, no qual deixa nossa mucosa exposta, está associada a fatores específicos como, por exemplo, o uso contínuo de algumas classes de medicamentos, alguns tipos de alimentos, estado emocional, entre outros, que irão inibir a ação e produção das células e glândulas responsáveis pela síntese e secreção do muco protetor.

Na falta do muco protegendo toda a camada interna do estômago, o ácido que estará nessa região irá entrar em contato íntimo com a mucosa gástrica, levando a sua inflamação, e num período prolongado, podendo levar ao aparecimento de perfurações, perdendo assim a morfologia normal da parede estomacal.

Outra modificação que leva ao quadro de gastrite é quando possuímos um quadro de estimulação das glândulas produtoras de ácido, as glândulas pilóricas que aumentam sua síntese e assim acidificando de forma muito drástica toda a mucosa interna do estômago.

Essas duas modificações tem ações concomitantes para o surgimento e desenvolvimento da inflamação da parede interna do estômago, a gastrite. Caso essa aumento ou diminuição da produção de muco protetor junto com uma estimulação excessiva de produção ácida pelas glândulas gástricas, leva-nos a um quadro agudo, conhecido como gastrite aguda, e tornando-se um evento crônico (levando a modificação do aspecto morfológico normal da mucosa interna do estômago).

Se esse quadro crônico não for tratado, tanto farmacologicamente quanto com a alimentação saudável recomendada, esse quadro clínico pode evoluir para o surgimento de ulcerações na parede interna do estômago e conseqüentemente ao surgimento de câncer.

Causas:

As causas mais comuns de gastrite aguda são:

  1. Uso de medicamento antiinflamatório do tipo não esteróides (AINE’S), em particular o medicamento aspirina, pois ela age diminuindo a ação das células da mucosa superficial a qual produzirá menos muco protetor para a parede estomacal;
  2. Consumo abusivo de bebidas alcoólicas, sendo que o etanol é um potente estimulador de produção de ácidos pelo estômago;
  3. Consumo abusivo de tabaco, pois o tabaco é um estimulador da produção de ácidos pelo estômago;
  4. Tratamento com medicamentos quimioterápicos que combatem o câncer;
  5. Valores aumentados de uréia em sangue;
  6. Estresse intenso (por exemplo: traumas, cirurgias, queimaduras, ou até por fator emocional).

Já as principais causas de gastrite crônica são:

1. Infecção de forma crônica, principalmente causada pelo agente Helicobacter pylori;

2. De forma imunológica, quando esta está associada a um quadro de anemia causada pela deficiência de vitamina B12;

3. Afecções granulomatosas, como por exemplo, na doença de Crohn.

Sinais e sintomas:

A gastrite crônica na maioria das vezes não apresenta nenhum sintoma clínico. Já na gastrite aguda, os sintomas mais comentados pelos pacientes são:

· Em casos mais avançados e complicados, pode haver sangramento digestivo que pode ser percebido nas fezes, que apresentam uma coloração mais escura (que é sinônimo de melena, “sangue nas fezes”).

Diagnóstico:

Gastrite 6

Fonte: http://mediscan.com.br/img_upload/image/Gastrite-6.jpg

No caso de gastrite aguda, o diagnóstico baseia-se principalmente através da queixa e história clínica do paciente. Mas recomenda-se o exame nos casos de hemorragia para confirmação da doença.

Assim, em casos mais severos de gastrite aguda e gastrite crônica, o diagnóstico é feito através do exame de endoscopia digestiva alta, na qual o médico responsável realiza a visualização da mucosa gástrica lesionada e também pode recolher uma porção de tecido para a realização de uma biópsia para um exame citológico.





Tratamento:

O tratamento vai depender sempre de uma causa específica. Como é uma doença multifatorial, algumas das causas podem desaparecer com o tempo.

Há recomendação de uma dieta balanceada associada com medicação que diminua a produção de ácidos pelo estômago e/ou medicamentos que tentem neutralizar a acidez presente nessa região.


Prevenção:

A melhor maneira de prevenir o surgimento de agressões ao nosso estômago, como no caso das gastrites, é ter uma alimentação equilibrada, evitando ao máximo períodos prolongados de jejum, o consumo de alimentos que irritem ainda mais a mucosa gástrica, consumir quantidades adequadas de alimentos nas refeições, ter tranqüilidade e calma na hora de estar realizando suas refeições para o correto processo de mastigação da comida ingerida.

Gastrtite 7

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_YzqeeFCO97Q/TL0tmmv6Z_I/AAAAAAAAACg/xz3GsSetkUw/s1600/healthy-food

Assim, recomendam-se alimentos que tenham ação calmante e antiinflamatória como, por exemplo: couve, hortelã e chás (exceto o chá preto).

Preferir sempre a ingestão de frutas e vegetais crus.

Evite alimentos que são considerados como irritativos da mucosa gástrica, como por exemplo: café, álcool, frituras, temperos fortes (condimentos industrializados, molho shoyu, molho de pimenta, mostarda, catchup), leite de vaca e seus derivados, carnes gordas (cupim, picanha,...), extrato de tomate, refrigerantes, frutas ácidas (laranja, maracujá, acerola, abacaxi, limão), produtos congelados, entre outros.

Em caso de pratos quentes, recomenda-se a ingestão a uma temperatura um pouco mais amena para que não ocorra o processo de dilatação dos vasos no estômago o que auxilia no processo inflamatório.

No caso do café, é preferível que se utilize o produto na forma descafeinado, pois assim o produto não trará a substância cafeína que é a vilã da gastrite por estimular a produção de ácidos pelo estômago.

Assim, com uma alimentação adequada e correta, podemos controlar os quadros de gastrites e evitar a recidiva de seu surgimento.





Referências Bibliográficas:

CECIL, Russell L. Tratado de Medicina interna. 23. ed. Pg 661-662. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 2v.

FAUCI, Anthony S., (Edit.). Medicina interna. 17. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2008. 2 v.

GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. . Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier 2006. Pg.:771-779.

FORONES, Nora Manoukian (org.); MISZPUTEN, Sender Jankiel. Manual de gastroenterologia. Sao Paulo: EPM, 2000. 252 p






Links Relacionados:

  1. Disponível em: http://midiaesaude.bs2.com.br/?action=mais&materia=393. Acessado em 20 de novembro de 2011.
  2. Disponível em: http://www.drfernandovalerio.com.br/gastrite.htm. Acessado em 20 de novembro de 2011.
  3. Disponível em: http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=4682&ReturnCatID=1769. Acessado em 20 de novembro de 2011.
  4. Disponível em: http://estudmed.com.sapo.pt/trabalhos/sindrome_hda_e_baixa_4.htm. Acessado em 20 de novembro de 2011.
  5. Disponível em: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/gastrite.htm. Acessado em 20 de novembro de 2011.
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