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Autor: Vinicius Augusto Troian Schoepping

Colaboradores: Debora de Fatima Bolz Arruda e Cleisi Pezzini Sandri

Aspectos Gerais

Glico1

Fonte: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/spanish/cushingssyndrome.html

O corpo humano possui duas glândulas chamadas adrenais, localizadas nos pólos superiores dos rins, elas têm formato triangular e são responsáveis pela secreção de hormônios importantes para a regulação da atividade metabólica do organismo. Dentre eles é possível citar os mineralocorticóides, androgênicos e glicocorticóides. Esse último será devidamente explicado no seguinte texto.

No entanto, antes de se tratar diretamente sobre os hormônios glicocorticóides é necessário que se explique um pouco sobre o funcionamento das glândulas adrenais. Pesando em média 4 gramas cada uma, as adrenais podem ser divididas em duas partes, a medula adrenal e o córtex adrenal. A medula é a parte dessa glândula responsável pela secreção de epinefrina e norepinefrina, ou mais conhecida adrenalina e noradrenalina responsáveis pela resposta de “luta ou fuga” que prepara o organismo para situações de risco, de forma a aumentar os batimentos cardíacos, dilatar pupilas, aumentar a pressão sanguínea e dilatar brônquios pulmonares. O córtex por sua vez secreta os hormônios corticoesteróides, citados no início, mineralocorticóides e glicocorticóides. Também há a secreção de hormônios sexuais, androgênicos com efeito semelhante à testosterona, mas de pouca importância.

Glico2

Fonte: http://www.vet.uga.edu/VPP/clerk/groover/index.php

O córtex pode ser dividido em três partes:

•Zona glomerulosa que secreta aldosterona, o principal mineralocorticóide que regula no corpo a concentração de sódio e potássio nos líquidos extracelulares.

•Zona fasciculada que secreta os glicocorticóides: cortisol e corticosterona. Que tem efeitos no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. Também secreta androgênios e estrogênios adrenais em baixa quantidade.

•Zona reticular, camada mais profunda, secreta androgênios adrenais.



Regulação da Secreção de Cortisol Pelo Hormônio Adrenocorticotrópico da Hipófise

Glico3

Fonte: http://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/texto13.htm

O ACTH secretado pela hipófise anterior estimula a secreção de cortisol, por sua vez a secreção de ACTH é controlado pelo fator liberador de corticotropina do hipotálamo (CRF). Logo sinais em algumas regiões do cérebro são traduzidos e passados do hipotálamo para hipófise como CRF e da hipófise para a adrenal como ACTH. O ACTH por sua vez estimula as células da adrenal a secretar cortisol. O estímulo prolongado pode causar aumento e proliferação dessas células. Situações de estresse podem aumentar a secreção de ACTH. Para que esse mecanismo não saia de controle, o próprio cortisol apresenta um efeito inibidor da secreção de ACTH pela hipófise anterior e do CRF pelo hipotálamo. Assim quando os níveis de cortisol estão baixos há uma maior liberação de ACTH e quando estão altos há uma inibição. Esse mecanismo é chamado de feedback negativo.



Glicocorticóides

O cortisol é o mais importante dentre os glicocorticóides feitos pelo organismo humano, é muito potente e exerce a maior parte da atividade metabólica. A corticosterona por sua vez é menos potente. Existem então os sintéticos, usados com fins terapêuticos como a Cortisona, tão potente quanto o cortisol, prednisona quatro vezes mais potente e dexametasona que chega a ser trinta vezes mais potente que o cortisol. Alguns desses hormônios podem também apresentar uma baixa atividade mineralocorticóide, mas é importante que esse efeito seja o mínimo quando se trata de sintéticos.


Função dos Glicocorticóides

Sem os glicocorticóides uma pessoa tem todo seu sistema metabólico de utilização de lipídios, proteínas e carboidratos prejudicado. E situações de estresse físico e até mesmo mental podem levar a morte. O cortisol também pode ser chamado de hidrocortisona e é responsável por 95% da atividade glicocorticóide. Uma das funções primárias desse hormônio está relacionada com o metabolismo de carboidratos, a princípio essa substância estimula a produção de glicose a partir de outras substâncias (ex: proteínas). O resultado disso é uma maior quantidade de aminoácidos no sangue que se dirigem ao fígado para serem convertidos em açúcar e um aumento da reserva de energia no fígado. Outro efeito importante é a redução moderada da utilização de glicose por algumas células do organismo. O aumento da produção com a queda de utilização é responsável pela elevação da concentração sanguínea de glicose que somado ao alto nível de lipídios no sangue (mais a frente discutido) pode levar a uma diabetes adrenal.

Glico 6

Fonte: http://www.inec-usp.org

No metabolismo de proteínas ocorre uma redução de proteínas celulares e aumento na concentração plasmática e no fígado. Ou seja, ocorre uma maior quebra e menor síntese de proteínas no corpo, em tecidos extra-hepáticos. Se houver excesso de cortisol os músculos do indivíduo podem se tornar bastante fracos. Deve-se ressaltar de que o cortisol não mobiliza proteínas essenciais (como as do músculo) até que todas as outras proteínas tenham sido liberadas. Por fim, de maneira semelhante ao aumento de aminoácidos plasmáticos há um aumento de ácidos graxos, gorduras, plasmáticas. Os ácidos graxos então são os responsáveis pela menor utilização de glicose pelas células já que ele é então usado como fonte de energia. Apesar de o uso de gorduras estar aumentado devido ao cortisol ele pode causar uma obesidade peculiar se estiver em excesso no organismo. Haverá uma maior deposição de gorduras no tórax e na cabeça. A causa para esse fato ainda é desconhecida, embora existam hipóteses. Para que todos esses efeitos ocorram o cortisol precisa de muitas horas para começar a agir. Porém, talvez o que justifique o emprego de glicocorticóides na medicina como medicamentos é a propriedade de resistência ao estresse e à inflamação que esse hormônio possibilita ao organismo. Praticamente qualquer tipo de estresse no organismo ocasiona um aumento na secreção de ACTH pela hipófise anterior e conseqüentemente há o aumento na secreção do cortisol. Uma hipótese que pode justificar essa ação é de que a rápida mobilização de aminoácidos e gorduras torna-os disponíveis para geração de energia e síntese de novos compostos necessários para o organismo. Entende-se por estresse desde um trauma, infecção, calor ou frio intenso, cirurgia, liberação de adrenalina e entre diversas outras. Já a inflamação é um processo natural de tecidos infectados e lesados, mas às vezes essa resposta do organismo pode prejudicar mais do que a própria lesão, por esse motivo o emprego de glicocorticóides como tratamento é interessante. Não entraremos em detalhes sobre o processo inflamatório, mas deve-se saber que o cortisol bloqueia os estágios iniciais da inflamação, mesmo antes do início dessa e se já há inflamação o medicamento ocasiona uma rápida resolução e aumenta a regeneração do tecido. Basicamente o mecanismo de ação é devido a redução da formação de prostaglandinas e leucotrienos (substâncias necessárias para uma resposta inflamatória), reduz a permeabilidade dos capilares, diminui liberação de substâncias de células lesadas, reduz migração de células brancas para o local da lesão, suprime sistema imune, atenua febre. O cortisol diminui o número de eosinófilos e linfócitos (células do sistema imune), o que deixa o indivíduo mais suscetível à invasão de microorganismos externos, o que pode levar a infecções fulminantes. Os glicocorticóides então podem ser usados em alergias, distúrbios reumáticos, terapia de reposição, asma, algumas doenças oculares, gastrointestinais, hepáticas, para transplantes de órgão e diversas outras. E os glicocorticóides são contra indicados para portadores de doenças fúngicas sistêmicas, portadores de tuberculose ou com histórico, para gestantes ou lactantes, imunodeprimidos, portadores de doenças bacterianas agudas disseminadas, para diabéticos, hipertensivos, cardiopatas ou portadores de úlcera péptica ativa. O uso indevido desses medicamentos muitas vezes acarreta em algumas complicações graves para o paciente. Por exemplo, a interrupção abrupta da terapia com glicocorticóides pode levar a uma exacerbação da doença ou em casos mais graves uma insuficiência supra-renal aguda. A insuficiência supra-renal aguda se da devido à retirada súbita do cortisol do organismo, sendo que após algumas semanas de tratamento a hipófise não está mais produzindo níveis adequados de ACTH para sustentar a função glicocorticóide necessária para a vida do organismo. O uso crônico que causa um excesso de cortisol também pode causar edema, hipertensão, aumento de susceptibilidade às infecções, fraqueza muscular, nervosismo, insônia, alterações de humor, cataratas, osteoporose.


Síndromes

Glico5

Fonte: http://imagina65.blogspot.com/2009/11/la-zona-extrana-el-sindrome-de-cushing.html

Existem doenças ocasionadas pela deficiência ou excesso de produção de cortisol pelo indivíduo. O excesso de produção determina a síndrome de Cushing e a falta de produção é determinante da doença de Addison, uma espécie de insuficiência da adrenal com deficiência dos hormônios do córtex supra-renal. A síndrome de Cushing pode ser induzida pelo abuso de antiinflamatórios esteróides, um adenoma (coleção de crescimentos de origem glandular) ou carcinoma supra-renal, ou pode ser ACTH-dependente. O paciente que apresenta a doença é caracterizado por face em forma de lua cheia, vermelhidão na face e no pescoço, crescimento excessivo de pêlos, fossas supra claviculares cheias, fragilidade cutânea com estrias violáceas e equimoses (infiltração de sangue nos tecidos), obesidade localizada mais centralmente, fraqueza muscular. Pode gerar hipertensão, tolerância diminuída a glicose e osteoporose. Há também oscilações de humor, impotência, diminuição de libido e nas mulheres a parada da menstruação.


Referências Bibliográficas

1. Tratado de Fisiologia Médica – Guyton & Hall

2. Endocrinologia – Rui M. B. Maciel, Berenice B. Mendonça e Mario J.

3. Princípios de Bioquímica - Kay Yarborough Nelson, Albert Lester Lehning


Links Relacionados

1. http://www.scribd.com/doc/17119318/Aula-14-Sindrome-de-Cushing

2. http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/923-Einstein%20Suplemento%20v6n1%20pS159-165.pdf

3. http://www6.ufrgs.br/favet/lacvet/restrito/pdf/adrenal.pdf

4. http://www.medicinanet.com.br/conteudos/biblioteca/2597/antiinflamatorios_esteroides.htm

5. http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_13/cap_146.html

6. http://www.infoescola.com/sistema-endocrino/glandula-adrenal/

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