Editora: Luziana Suzuki Brambila
Colaboradoras: Cristiane Marchese Recuero e Vivian Ramos Gregorczyk
O que é?
A catarata é uma doença ocular crônica, multifatorial e degenerativa. Ela se caracteriza por uma opacificação do cristalino, tornando as cores menos vivas e a visão embaçada.
O cristalino é uma lente natural biconvexa, transparente, avascular, localizada atrás da íris, com 4mm de espessura e 9mm de diâmetro, responsável pela acomodação visual, ou seja, focaliza os raios luminosos sobre a retina.
Geralmente, ela começa a manifestar-se tanto em homens quanto em mulheres, por volta dos 55 anos, indicando que a principal forma de catarata é a senil.
Existem 3 tipos mais comuns de catarata: nuclear, subcapsular posterior e cortical. A catarata subcapsular posterior causa relevante diminuição da visão mesmo em ambientes bastante iluminados. A opacificação nuclear está associada a uma melhora na visão para perto por desenvolver miopia. Já a cortical, permite boa visão até total comprometimento do eixo visual.
Quais as causas?
A catarata pode se desenvolver por diversas causas, como: congênita, senil, traumática, induzida por medicamentos e por diabetes mellitus.
- Catarata Congênita: quando a criança já nasce com a turvação do cristalino. A cada 10.000 nascidos vivos, 3 nascem com essa deficiência. Desses, 2 possuem catarata em ambos os olhos, e em metade desses pacientes, pode-se identificar a causa da formação dessa catarata. A mutação genética é a causa mais comum, mas pode ser devido a anormalidades nos cromossomos, distúrbios metabólicos e agressões intra-uterinas. Se a opacidade for muito intensa, o bebê deve ser operado já nas primeiras semanas de vida para se evitar a baixa visual irreversível e para um melhor prognóstico.
- Catarata Senil: com o crescimento da população mundial e o aumento da expectativa de vida, estima-se que até 2020 a população idosa duplique, demonstrando uma maior incidência de pessoas com catarata senil. Com o envelhecimento, o cristalino muda, naturalmente, para amarelo-amarronzado, além de aumentar em tamanho e volume.
- Catarata Traumática: a causa mais comum de catarata unilateral em pessoas jovens é traumática. O trauma pode ser um ferimento penetrante, choque elétrico, radiação ionizante em neoplasias de olho, radiação infravermelha, entre outros.
- Catarata Induzida por Medicamentos: os principais medicamentos que podem causar catarata são:
• corticóides: tópicos ou sistêmicos, eles causam, primeiramente, opacidade subcapsular posterior. Depois, a região subcapsular anterior também se torna opaca. Acredita-se que podem estar imunes pessoas que usaram prednisolona por menos de quatro anos ou uma dosagem de, no máximo, 10mg. Opacificação precoce pode regredir se a terapia for interrompida.
• clorpromazina: na cápsula anterior do cristalino, esse medicamento pode causar depósito de grânulos finos e marrom-amarelados. Geralmente, esses depósitos são irreversíveis.
• bussulfano: pode causar opacidade ocasionalmente.
• amiodarona: tanto em doses moderadas quanto altas, 50% dos pacientes não desenvolvem deficiências visuais.
• ouro: aproximadamente 50% dos pacientes tratados por mais de 3 anos desenvolvem depósitos capsulares anteriores.
• alopurinol: pacientes idosos têm risco aumentado de desenvolver catarata se o tratamento for maior que três anos ou a dose acumulativa ultrapasse 400g.
- Catarata devido ao diabetes mellitus: a catarata causada pelo diabetes mellitus é uma doença que provoca opacidade cortical em flocos de neve em diabéticos jovens, porém, é raro que isso aconteça. O alto nível de glicose, devido à hiperglicemia, se acumula no humor aquoso e se espalha para o cristalino. Dentro do cristalino, a glicose é convertida em sorbitol, pela ação da enzima aldose-reductase, provocando uma super-hidratação osmótica secundária da substância do cristalino.
Qual a incidência?
A catarata é responsável por, aproximadamente, 40% dos casos de deficiência visual em todo o mundo, atingindo 16 milhões de pessoas. Em pacientes com idade inferior ou igual a 65 anos, a prevalência é de 17, 67%. Em pacientes com idade entre 65 e 74 anos, essa porcentagem sobe para 47,1%. A partir dos 75 anos, a prevalência é de 73,3%. Na Índia, esse índice sobre para 82%. Já nos EUA esse número cai para 48%. Estima-se que na China existam 5,5 milhões de pessoas com catarata, com um aumento de 300 mil casos ao ano. No Brasil, a estimativa é que surjam 552 mil novos casos de catarata ao ano.
Quais os fatores de risco?
Os fatores envolvidos com risco aumentado de desenvolvimento de catarata são fumo, álcool, luz ultravioleta e oxidação. O tabaco aumenta o risco devido à oxidação aumentada nessas pessoas causado pelo estresse oxidativo.
Como prevenir?
Pode-se retardar o surgimento da catarata com antioxidantes, como vitamina C, vitamina E, glutation, luteína, zeaxantina e óleo de linhaça, uma vez que essas substâncias diminuem a oxidação causada, dentre as diversas razões multifatoriais, pelo envelhecimento do organismo e pelo estresse da vida moderna. A luteína e a zeaxantina são os únicos carotenóides presentes no organismo. A luteína é encontrada em frutas como maçã e laranja, e em vegetais como couve e espinafre. A carnosine e a sinvastatina também contribuem para a prevenção da catarata precoce.
Como tratar?
O tratamento pode ser feito com medicamentos, uso de lentes corretoras/óculos e por meio de cirurgias.
Os medicamentos usados no tratamento são os que causam midríase, por favorecer a passagem da luz pela periferia do cristalino. Os óculos com grandes adições e lupas telescópicas são usados para leitura por amplificarem o tamanho dos objetos.
No caso de intervenção cirúrgica, quando o paciente já perdeu mais de 50% da visão, faz-se a substituição do cristalino opacificado por lentes intraoculares especiais. Existem 2 principais procedimentos cirúrgicos:
- EECC: a extração extracapsular de catarata é feita através de uma incisão relativamente grande, de 10mm, de onde extrai-se o núcleo do cristalino e aspira-se o material cortical, deixando a cápsula posterior intacta. No local do cristalino, é feita a colocação de um plástico rígido (metilmetacrilato).
- FACO: a facoemulsificação é o método mais usado, hoje em dia, por ser um procedimento feito através de uma pequena incisão de 2 a 3mm, evitando a descompressão do olho, diminuindo a incidência de complicações operatórias e favorecendo uma recuperação visual muito rápida. Nesse procedimento, a anestesia é local e a catarata é retirada e substituída por uma lente intraocular, geralmente multifocal, dobrável, injetável ou expansível.
Referências Bibliográficas
1. KANSKI, Jack J. Oftalmologia Clínica: Uma abordagem sistemática. 5 Ed. 2003.
2. ARIETA, Carlos Eduardo Leite et al. Cristalino e Catarata. Cultura Médica: Guanabara koogan, 2008.
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4. LIRA, Rodrigo Pessoa Cavalcanti et al . Suspensão de cirurgia de catarata e suas causas. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 35, n. 5, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-72802009000400001&script=sci_arttext>. Acesso em 25 de Nov 2010.
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7. Disponível em: http://www.sadalla.com.br/website/int-pt/index.php?id=pacientes&area=especialidades&pagina=catarata. Acesso em 26 de Nov 2010.
Links Relacionados
3. Conselho Brasileiro de Oftalmologia
4. Sociedade Brasileira de Oftalmologia