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Autor: Juliana Feijó

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Fonte: http://www.mercadodobebe.com/fantasia-animais-canguru-meses-p-693.html

Colaboradores: Francine Pastuch, Gabriela Morato, Marina Zavadinack

Introdução

Todo ano no mundo nascem mais de 20 milhões de bebês considerados de baixo peso, ou seja, com menos de 2500 gramas. Desses nascimentos, 95% ocorrem em países em desenvolvimento como o Brasil e, cerca de um terço, morre antes de completar um ano de vida.

Tal número alarmante constitui um problema de saúde pública no país, pois, para cuidar desses casos, são necessários recursos gigantescos direcionados ao investimento tanto em equipamento quanto em formação profissional adequada.

Histórico do Método Canguru

Para tentar uma alternativa a esse investimento inacessível, a metodologia Canguru foi elaborada em 1979 na Colômbia no Instituto Materno-Infantil de Bogotá.O objetivo da criação era baratear os custos da assistência perinatal e promover, por meio do contato pele a pele precoce entre a mãe e o seu bebê, maior vínculo afetivo, maior estabilidade térmica e melhor desenvolvimento.

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Fonte: http://www.ojornal.net/horaemhora/noticias/26301-hospital-regional-de-gurupi-capacita-para-adocao-do-metodo-canguru

O MC é utilizado em inúmeros países, principalmente nos que dispõem de número insuficiente de incubadoras devido à falta de recursos. A escolha do nome se deve a maneira que as mães carregavam seus bebês no projeto a qual se assemelha aos marsupiais adultos e seus filhotes.

O contato no Método Canguru

A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso e ou prematuro em contato pele a pele, na posição vertical junto ao tórax dos pais ou de outros familiares, todo o procedimento deve ser realizado de maneira orientada, segura e acompanhada de suporte assistencial por uma equipe de saúde treinada adequadamente. O bebê veste apenas uma fralda e é usada uma faixa imitando a bolsa do animal canguru para firmá-lo de uma maneira confortável, o tempo de contato deve ser estabelecido pelo sentimento de prazer e suficiência de ambos os envolvidos. O contato pele a pele começa com o toque, evoluindo até a posição canguru, e inicia-se de forma precoce e crescente, por livre escolha da família.

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Fonte: http://acolhedoula.blogspot.com.br/2012/05/mae-canguru-pai-canguru.html


Método Canguru no Brasil

No Brasil o projeto teve início em Santos, em 1992 e no ano seguinte em Pernambuco, porém foi somente em 1999 que ocorreu a formalização pelo Ministério da Saúde que aprovou a Política de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru, a qual continha as diretrizes para a implantação no Sistema Único de Saúde – SUS. A partir daí foram capacitados mais de 7000 profissionais em todo Brasil e 326 hospitais nos quais o projeto leva versões variadas do nome MC, como “O Método Mãe Canguru (MMC)”, "Cuidado Mãe Canguru" e "Contato Pele a Pele".

Atualmente outra publicação oficial, a Norma de Orientação para Implantação da Atenção Humanizada ao recém Nascido de Baixo Peso foi publicada em 2007 para aprimorar a anterior. Ela reúne conhecimentos das particularidades físicas e biológicas e das necessidades especiais de cuidados técnicos e psicológicos do casal, do recém- nascido de baixo peso e de toda a sua família. Abrange também a qualificação da equipe de profissionais responsável por esse atendimento, que são parte fundamental para o sucesso do projeto. O método MC aplicado no país visa integrar atenção humanizada e os avanços tecnológicos clássicos e não a substituição da tecnologia, levando em consideração o desenvolvimento global do bebê e o meio em que está inserido.


Aplicação do Método

A atuação prevista no projeto se dá em três etapas, além de uma fase que ocorre antes do nascimento de um bebê pré-termo e ou de baixo-peso, na qual se identifica gestantes com risco desse acontecimento. Nessa fase, a grávida e a sua família recebem orientações e cuidados específicos a serem prestados a eles e ao bebê inclusive suporte psicológico aos pais que é essencial e prontamente oferecido.

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Fonte: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=87361

Após o nascimento do bebê, começa a primeira etapa do MC e, se o recém-nascido precisar permanecer na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e/ou de Cuidados Intermediários (CI), os pais são estimulados a entrar na unidade para estabelecer contato pele a pele com o bebê, de forma gradual e crescente, de maneira segura e agradável. A equipe também é direcionada a estimular a lactação, a participação dos pais nos cuidados do bebê assim como propor a posição canguru sempre que possível e desejada.

A segunda etapa, que ocorre no alojamento conjunto canguru, envolve atingir a estabilidade clínica da criança, o peso mínimo de 1250 gramas, ganho de peso mínimo de 15 gramas por dia, segurança materna, interesse e disponibilidade da mãe em permanecer com a criança o maior tempo desejado e possível. A terceira etapa, a qual possui um seguimento ambulatorial criterioso do bebê e da família, é determinada pela alta hospitalar obtida com peso mínimo de 1500 gramas, garantia de retorno à unidade de saúde de maneira frequente e criança com sucção exclusiva materna.

A aplicação do Método Canguru, desde a primeira etapa, é realizada por uma equipe multidisciplinar que se baseia na metodologia de atenção humanizada ao recém-nascido de baixo-peso, fornecida pelo governo.

A humanização, um dos princípios do projeto, estabelece-se e se fortifica com o auxílio dos profissionais, sendo necessário oferecer ferramentas para que se obtenha uma melhor capacitação da equipe que pode inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fonoaudiólogos e nutricionistas.

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Fonte: http://www.hupaaufal.org/index.php?option=com_content&view=article&id=623:unidade-neonatal-da-maternidade-do-hupaa-implanta-efetivamente-o-metodo-canguru&catid=36:materias&Itemid=57

Foram identificados cinco pilares na realização do MC pelo Ministério da Saúde, são eles: intervenção centrada na família, contato pele a pele precoce e com integração sensorial, controle ambiental de luz e som para evitar estimulação aversiva e inadequada, adequação postural para impedir complicações futuras e amamentação para favorecer o vínculo e prevenir doenças.

Vantagens do Método

Entre as vantagens do uso constatadas na maioria dos estudos relacionados ao método estão: aumento da duração do aleitamento materno, menor tempo de internação, controle eficiente da glicemia, crescimento adequado, controle térmico corporal efetivo, bom padrão de sono, diminuição do choro, maior vínculo com a mãe e família, bom controle de frequência respiratória e oxigenação, melhor padrão de desenvolvimento motor e cognitivo e redução significativa de custos na assistência no hospital.

Estudos que comparam o MC ao tratamento convencional apontam que com a utilização do método alternativo há redução do risco de infecção hospitalar, maior ganho de peso diário, menor ocorrência de retinopatia da prematuridade, displasia broncopulmonar e sepse, maior chance de amamentação exclusiva após a alta hospitalar e diminuição da taxa de morbidade e mortalidade do recém-nascido de baixo peso, caracterizando-se uma alternativa segura e mais humanizada ao tratamento.

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Fonte: http://www.redehumanizasus.net/59269-dispositivo-da-pnh-visita-abertaampliada-e-direito-a-acompanhante-joinville-sc

O Método em Santa Catarina

Em Santa Catarina o primeiro local em que o projeto se desenvolveu foi em Florianópolis, no Hospital da Universidade de Santa Catarina e hoje em dia já é aplicado em Joinville, Itajaí, Jaraguá do Sul, Tubarão, Mafra, São José e Curitibanos. Em Joinville o Método Canguru está inserido na maternidade Darcy Vargas desde o ano 2000, o projeto engloba uma equipe qualificada composta por uma enfermeira, uma terapeuta ocupacional, uma psicóloga, uma assistente social e uma médica.

Referências Bibliográficas:

1. ARIVABENE J.C.; TYRREL M.A.R. Método mãe canguru: vivências maternas e contribuições para a enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v.18, n.2, p.262-268, 2010.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso ao nascer – Método Canguru. Manual técnico. Brasília: MS, 2009.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Normatização do método Mãe-Canguru. Brasília: MS, 2001.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 693, de 5 de julho de 2000. Norma de atenção humanizada do recém-nascido de baixo peso. Brasília; 2005.

5. CAETANO, L.C.; SCOCHI, C.G.S.; ANGELO, M. Vivendo no método canguru a tríade mãe-filho-família. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v.13, n.4, p.562-568, 2005.

6. CARVALHO, M.R.; PROCHNIK, M. Método mãe canguru de atenção ao prematuro. Rio de Janeiro: BNDES; 2001.

7. LAMY, Z.C.;GOMES, M.A.S.M.;GIANINI, N.O.M.; HENNIG, M.A.S. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso - Método Canguru: a proposta brasileira. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.10, n.3, p.659-658, 2005.

8. REICHERT, A.P.; PEREIRA, W.S.; SILVA, M.V. Vivências de mães no programa mãe Canguru. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. João Pessoa, v.6, n.1, p. 51-62, 2002.

9. SOUZA N.L.; SANTOS, R.M.V.; BARBOSA, L.M.; AZEVEDO, G.D.;ARAÚJO, A.C.P.F. Método mãe-canguru reflexões sobre o atendimento a recém-nascidos prematuros. Revista Femina. São Paulo, v.33, n.2, p.121-125, 2005.

10. VENÂNCIO, S.I.; ALMEIDA H. Método Mãe Canguru: aplicação no Brasil, evidências científicas e impacto sobre aleitamento materno. Jornal de Pediatria. Porto Alegre, v.80, n.5, p.173-180.

Links Relacionados:

Jornal Anotícia

http://www1.an.com.br/2000/abr/03/0cid.htm

Kangaroo Mother Care

http://www.kangaroomothercare.com/

Maternidade Darcy Vargas

http://mdvsc.wordpress.com/2011/12/26/consultoras-do-ministerio-da-saude-visitaram-a-mdv-em-dezembro/#?

Ministério da Saúde

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_fundacao_orsa.pdf

Rede Humaniza SUS

http://www.redehumanizasus.net/59269-dispositivo-da-pnh-visita-abertaampliada-e-direito-a-acompanhante-joinville-sc

Secretaria do Estado de Santa Catarina

http://portalses.saude.sc.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=743:mdv-forma-tutores-no-metodo-canguru&catid=203:ascom-noticias&Itemid=258

UNICEF

http://www.unicef.org/sowc09/docs/SOWC09-Panel-3.5-EN.pdf

World Health Organization

http://whqlibdoc.who.int/publications/2003/9241590351.pdf

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