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Autora: Caroline Frazão Scheffer de Mello

Colaboradores: Débora Bazzanese Gomes e Eduardo Teodoro Döhler Beck


Dentre as doenças do trato urinário, o cálculo renal é a mais comum. Caracteriza-se pela formação de cálculos insolúveis capazes de bloquear o fluxo de urina, gerando um quadro clínico bastante marcante devido a presença de dor súbita e intensa, conhecida como a mais severa que uma pessoa pode experimentar.


Epidemiologia

Esta doença acomete cerca de 10 a 15% da população em países industrializados, sendo mais comum no sexo masculino entre a 3ª e 4ª década de vida e apresenta relação com fatores genéticos. Indivíduos que já tiveram alguma vez formação de cálculo apresentam 50% de chance de desenvolver a doença novamente. A incidência é maior em regiões de clima quente por favorecerem a maior perda de fluidos. Além disso, é mais frequente em indivíduos sedentários e acima do peso.


Formação do cálculo

Para ser formado, é necessária a supersaturação da urina, isto é, a solução deve conter soluto em concentração superior a solubilidade máxima. Dessa forma, o material não dissolvido precipita formando os cristais. Em seguida, esses cristais, que não foram eliminados pela urina, sofrem agregação em fragmentos maiores, que enfim, alcançam um determinado tamanho capaz de gerar sintomas ou ser visível em imagens. Além destes, outro fator importante para existência de alguns cálculos é a fixação do cristal a superfície epitelial e o pH urinário, por exemplo, a urina ácida (pH inferior a 5,5) diminui acentuadamente a solubilidade do ácido úrico, facilitando a formação de cristais dessa substância.

A fim de inibir a formação de cálculo, o organismo faz uso de substâncias protetoras que são fatores inibidores de agregação e crescimento, como o magnésio e o citrato. Assim, a deficiência desses fatores, também, é de suma importância na patogenia da nefrolitíase.

Além disso, condições fisiológicas como a desidratação prolongada também aumentam as chances de ocorrência, devido à supersaturação da urina, condição primária para a formação do cálculo.


Tipos mais comuns de cálculo

O tipo mais comum de cálculo é aquele formado por oxalato de cálcio, sendo este, presente em 75% dos casos de nefrolitíase. A explicação para essa alta frequência pode estar relacionada com:

  • Ingestão excessiva de cálcio
  • Aumento da absorção intestinal de cálcio
  • Perda elevada de cálcio pelo rim

Em todas essas situações, há uma maior quantidade de cálcio na urina, que então, leva a precipitação dessa substância e consequente formação do cálculo.

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Fonte: http://www.calculorenal.org/tratamento.htm

Em seguida, o mais comum é o cálculo de estruvita, composto por fosfato de amônio e magnésio, apresenta incidência entre 10 a 15% dos casos de cálculo renal. Sua explicação se dá a infecção urinária por bactérias que produzem urease, uma enzima que altera o pH da urina, tornando-o mais alcalino, e dessa forma, favorece a precipitação desse soluto. Este tipo de cálculo acomete mais as mulheres, pois infecções urinárias têm maior incidência na população feminina.

Por último, o cálculo composto por ácido úrico apresenta frequência de 5 a 10% dos casos. Sua ocorrência está relacionada com a supersaturação desse soluto na sua forma não dissociada, já que para esta substância não há fatores protetores que inibem sua cristalização.


Fatores de risco

Qualquer pessoa pode vir a desenvolver cálculo renal, entretanto, há fatores que aumentam o risco do desenvolvimento da doença, são eles:

  • Sexo masculino
  • Histórico familiar (fatores genéticos)
  • Consumo diário de água reduzido
  • Dieta rica em proteína animal e sal
  • Sedentarismo
  • Doenças intestinais
  • Obesidade
  • Residir em região de clima quente
  • Infecções no trato urinário
  • Imobilização prolongada
  • Redução do volume urinário
  • Alteração do pH urinário
  • Distúrbios metabólicos

Hipercalciúria: Decorrente de alterações endocrinológicas corresponde à excreção de cálcio elevada (≥4mg/kg/dia). Uma das causas é o excesso de paratormônio circulante, que promove o aumento da concentração de cálcio sérico.

Hiperoxalúria: Podendo ser decorrente da síndrome de má absorção, é o aumento da concentração de oxalato na urina.

Hipocitratúria: É a diminuição da concentração de citrato na urina. Como dito anteriormente, o citrato é um fator que inibe a agregação e aumento do cálculo.

Hiperuricosúria: Níveis altos de ácido úrico na urina (≥ que 800mg/dia para homens e 750mg/dia para mulheres).

Sintomas

A doença pode apresentar-se na forma assintomática, porém durante a movimentação do cálculo ao longo das vias urinárias, há presença de um quadro clínico característico.

A fase aguda da doença é marcada por dor bastante severa - cólica renal - localizada na região das costas, costelas e quadris. Decorrente da tentativa de expulsão do cálculo através da contração renal, esta dor é conhecida como uma das piores dores já sentidas e pode estar acompanhada de enjôo e náuseas. Além disso, o paciente acometido sente vontade constante de urinar, devido à obstrução do fluxo de urina, e dor ao urinar. A movimentação do cálculo pelo trato urinário pode levar a pequenas lacerações, com isso pode haver presença de sangue na urina, infecção e febre.


Complicações

Devido ao fato da maioria dos túbulos e canais renais possuirem diâmetro bastante reduzido, cálculos, mesmo que pequenos, são capazes de obstruir o fluxo urinário.

A obstrução das principais vias urinárias pela movimentação do cálculo pode levar a interrupção do fluxo de urina. Com isso, o esvaziamento do conteúdo renal para a bexiga é bloqueado, esse evento é conhecido como hidronefrose.

Normalmente, a urina mantém os rins sob uma pressão extremamente baixa. Porém, em casos de hidronefrose prolongada, os tecidos renais podem ser lesados a ponto de causar um comprometimento progressivo da função renal, e em casos extremos insuficiência do órgão.

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Fonte: http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_11/cap_128.html

Em decorrência de hidronefrose, o esvaziamento urinário é prejudicado, e dessa forma, a urina encontra-se estática. Com isso, há o favorecimento da proliferação de bactérias, podendo levar a um quadro infeccioso. Esta infecção pode acometer qualquer altura do trato urinário, a partir da obstrução do fluxo. Se ocorrer nos rins, é chamada de pielonefrite; se acomete a bexiga, é conhecida como cistite; se ocorre na uretra, é chamada de uretrite.

Tratamento

Algumas medidas gerais de tratamento são: aumentar a ingestão de líquidos (principalmente após a realização de exercícios físicos e refeições) e urinar por volta de 3 litros/dia.

De acordo com a causa principal de ocorrência da doença, muitos tratamentos clínicos podem ser prescritos, como:

  • Alterações na dieta: Com uma cuidadosa atenção à dieta é possível prevenir o desenvolvimento ou recorrência da doença. Dietas com conteúdo reduzido de sódio e proteína animal são bastante eficazes.
  • Em indivíduos com hiperabsorção intestinal de cálcio, faz-se uso de produtos que diminuem sua absorção.
  • Em indivíduos com valor elevado de ácido úrico sérico, emprega-se substâncias que reduzam sua produção, como o alopurinol.
  • Administração de citrato de potássio em pacientes com deficiência desse fator de proteção.
  • Utilização de diuréticos tiazídicos e fosfato oral. Estas duas formas de tratamento agem de maneira semelhante no organismo, diminuindo a excreção de cálcio.

Além desses, a medicina faz uso de tratamentos intervencionistas como a litrotipsia extracorpórea por ondas de choque. Esta opção caracteriza-se por ser não invasiva, sem necessidade de internação ou anestesia. O aparelho é encostado na pele do paciente, na região onde se encontra o cálculo, onde é liberada energia capaz de fragmentar o cálculo em tamanhos menores. O tratamento continua com a ingestão elevada de líquidos pelo paciente, a fim de eliminar os fragmentos resultantes pela urina.

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Fonte: http://www.nortesaude.com.br/Noticia.aspx?Id=64

Como tratamento cirúrgico, há a ureteroscopia. Neste, a anestesia geral e a internação estão presentes. Há introdução do ureteroscópio pela uretra, passando pelos ureteres até alcançar o cálculo que pode ser eliminado através de sondas ou liberação de energia (laser e ultrassom).


Links Relacionados

http://www.mdsaude.com/2009/01/calculo-renal-pedra-nos-rins.html

http://www.calculorenal.org/

http://www.conhecersaude.com/dietas/3061-calculos-renais-pedra-no-rim.html

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?54

http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=4739&ReturnCatID=1746

http://www.saudenainternet.com.br/portal_saude/tratamento-natural-para-o-calculo-renal.php


Referências

GOLDMAN, L. & ANSIELLO, D. CECIL – Tratado de Medicina Interna, 22 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Cólica Renal. Disponível em: <http://www.uronline.unifesp.br/uronline/ed0999/colica.htm> Acesso em 22 de novembro. 2011.

Nefrolitíase. Disponível em: <http://medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3213/nefrolitiase.htm> Acesso em: 12 de novembro. 2011.

Nerolitíase. Disponível em: <http://www.lian-ebmsp.com.br/Nefropedia.View.php?id=64> Acesso em: 12 de novembro. 2011.

Tratamento de Cálculo Renal. Disponível em:<http://www.calculorenal.org/tratamento.htm> Acesso em: 16 de novembro. 2011.

Hidronefrose. Disponível em: <http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_11/cap_128.htm> Acesso em: 20 de novembro. 2011.

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