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Editora: Gabriela Morato Ferreira
Colaboradores: Fábio Casagrande do Nascimento, João Paulo Cavalaro Rezende e Juliana Miyuki Yanagi Feijó

Introdução

A próstata é uma glândula masculina do tamanho de uma castanha cujo peso é de aproximadamente 20g e tem a função de produzir o líquido espermático. Ela está localizada abaixo da bexiga que é de onde sai a uretra, um canal longo que atravessa a próstata e o pênis até chegar ao meio exterior. Essa proximidade entre os órgãos faz com que qualquer alteração que afete a próstata, acabe refletindo na bexiga e

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Fonte: Fonte: http://m.cancer.gov/topics/treatment/bycancer/prostate/Patient

uretra.
A próstata pode ser dividida em três zonas, a de transição, a central e a periférica. A zona de transição é o local onde surgem 75% dos cânceres de próstata. Com o envelhecimento, a próstata vai aumentando seu tamanho progressivamente em um homem normal, porém um crescimento anormal deve ser investigado, pois pode-se tratar de doenças típicas da próstata, como a hiperplasia prostática benigna.

O que é Hiperplasia Prostática Benigna (HPB)?

HPB é uma patologia frequente que afeta muitos homens a partir dos 40 anos de idade. Ela é caracterizada pelo crescimento benigno da próstata, ou seja, sem maiores complicações, resultando na formação de nódulos.
Se esses nódulos formados forem suficientemente grandes, eles podem comprimir o canal da uretra do homem, ocasionando obstrução parcial ou completa dela, o que interfere no fluxo normal da urina podendo deixar o jato

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Fonte: http://www.doctorupdate.com.br/monografias/combodart/diagnostico-da-hpb.html#/monografias/combodart/desenvolvimento-da-hpb.html

muito fraco ou deixar o homem com dificuldade em esvaziar a bexiga.

Epidemiologia da HPB

O crescimento da próstata começa frequentemente aos 30 anos de vida, tendo uma prevalência em torno de 10%, já em pacientes com mais de 90 anos de idade a prevalência salta para 90%, o que justifica sua elevada frequência na sociedade.
Os principais fatores de risco são o envelhecimento e a presença de testículos funcionantes, há também o papel da hereditariedade que influencia no crescimento benigno da próstata, pois filhos de homens com HPB têm de três a quatro vezes mais chances de terem o mesmo diagnóstico que o pai.
No entanto, fatores como etnia, obesidade, profissão e ritmo de atividade sexual não mostram influência no desenvolvimento da doença, há relatos, porém, que atividades físicas regulares e ingestão moderada de álcool possam diminuir as manifestações clínicas da HPB.

Fisiopatologia da HPB

A testosterona, hormônio masculino, é convertida por uma enzima (5-alfa-redutase) em uma substância chamada diidrotestosterona (DHT), que tem a função de estimular o crescimento prostático. A DHT, juntamente com outras substâncias como os chamados “fatores de crescimento peptídico” (conjunto de substâncias proteicas), alteram o equilíbrio entre a proliferação celular da próstata e sua morte celular, também chamado de apoptose, o que leva ao desenvolvimento progressivo da HPB.
O processo de hiperplasia prostática ocasiona o aparecimento de sintomas relacionados ao trato urinário, que podem ser derivados de uma obstrução na própria uretra, de uma reação do músculo da bexiga à obstrução ou de estímulos cerebrais anormalmente gerados pela próstata.
A obstrução uretral ocorre devido a um efeito mecânico, sendo este causado pelo crescimento da próstata, e também devido a um efeito funcional, relacionado com a contração das fibras musculares. Com o aparecimento dessa obstrução, o músculo da bexiga vai aumentar de tamanho (hipertrofiar), para tentar manter o fluxo urinário normal, essa hipertrofia vai fazer com que a bexiga perca sua capacidade de armazenamento, o que vai levar ao aparecimento dos sintomas irritativos e obstrutivos. Nesta mesma fase aparecem alterações cerebrais que vão agravar os sintomas da HPB.

Sinais e Sintomas da HPB

Os sintomas causados pela HPB podem ser divididos em obstrutivos e irritativos. Os sintomas obstrutivos resultam de um efeito mecânico ou muscular da próstata sobre a uretra, e estão presentes em 70-80% dos casos de HPB, entre eles estão esforço ao urinar, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, jato urinário fraco e interrupção de repente do fluxo urinário. Já os sintomas irritativos surgem por reação do músculo da bexiga à obstrução da uretra, e estão presentes em 50-70% dos pacientes, como incontinência de urgência (o homem sente uma vontade de repente de urinar e não consegue controlar, libera

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Fonte: http://www.doctorupdate.com.br/monografias/combodart/diagnostico-da-hpb.html

ndo a urina involuntariamente), noctúria (várias idas ao banheiro durante a noite), pequenos volumes de urina e várias vezes por dia e urgência em urinar.
Os sintomas do trato urinário inferior (LUTS) da HPB e a qualidade de vida de cada paciente podem ser quantificados e classificados utilizando uma pontuação que é conhecida internacionalmente como IPSS (Escore Internacional de Sintomas Prostáticos). O IPSS (imagem ao lado) é composto por sete perguntas sobre o paciente, com notas individuais que vão de 0 a 5, de acordo com a intensidade de cada sintoma específico. Após obter a soma, os portadores de HPB podem ser classificados em pacientes com sintomas leves, moderados ou graves.

Complicações da HPB

Apenas de 2-10% dos pacientes com hiperplasia prostática podem evoluir para um quadro de retenção urinária aguda, e esta pode ser causada por uma distensão aguda da bexiga, que é quando o indivíduo força para urinar, ou quando há um cálculo vesical (na bexiga).
Infecção urinária e prostatite são causadas quando há uma colonização de bactérias na próstata ou quando há resíduo de urina que pode causar quadros de infecção graves, e a consequência é que isso faz com que os sintomas da HPB sejam intensificados.
A litíase vesical ou cálculo vesical é comum, pode ocorrer quando há impossibilidade de expulsar cálculos vindos dos rins, isso faz com que haja bloqueio imediato do jato urinário, interrompendo a micção.
O enfraquecimento do músculo da bexiga faz com haja aumento do volume de urina residual e dilatação da bexiga, que podem gerar outras consequências, como urgência ao urinar.
Cerca de 15% dos pacientes possuem insuficiência renal aguda ou crônica, porém em muitos casos isso se deve a outros fatores, como diabetes, então conclui-se que apenas 3% dos pacientes com HPB têm lesão nos rins por causa de seu problema prostático.
A hematúria (sangue na urina) também pode surgir em alguns pacientes, ela é caracterizada pela ruptura de vasos que ficam em baixo da mucosa do local lesionado.

Diagnósticos da HPB

É indicado a todos os homens que a partir de seus 40 anos de idade, passem a consultar com um médico urologista para acompanhar sua saúde. Isso deve ser feito mesmo havendo tantos preconceitos de origem cultural, pois é por volta dessa idade que os sintomas relacionados aos problemas de saúde masculinos começam a aparecer.
A estratégia para diagnosticar corretamente a HPB se inicia com uma boa história clínica, acompanhada pelo toque retal, exame de urina para medir quantidades de ureia e creatinina e o exame do PSA (antígeno prostático específico).
O toque retal pode diferenciar a HPB do câncer prostático. Nesse exame é avaliado o tamanho e a consistência da próstata, além de investigar se há presença de nódulos que podem indicar câncer prostático.
O exame complementar ao toque retal é o exame de sangue, nele é dosado o PSA, uma substância produzida pela próstata que aumenta nos casos de HPB e de câncer de próstata. É importante ressaltar que o PSA não descarta a necessidade do toque retal e se o PSA estiver aumentado, não indica necessariamente que o homem tenha uma dessas condições clínicas, sendo necessária averiguação feita pelo urologista.
Um exame não obrigatório, porém recomendável por ser um método não invasivo é a urofluxometria, que consiste em medir o fluxo da urina através de um equipamento computadorizado. Ele pode ser realizado no diagnóstico inicial, durante ou após o tratamento, ele é considerado por muitos como sendo o teste “padrão-ouro” para diagnóstico de obstrução da uretra, pois ele verifica a pressão que o paciente exerce na bexiga no momento de urinar.

Tratamento da HPB

Muitas vezes os homens que possuem sintomas leves podem não receber nenhum tratamento específico, apenas ficam em estado de observação e acompanhamento da evolução do quadro. Já aqueles com incapacidade de urinar, com sangramento, com infecções que acontecem com frequência ou que possuem cálculos na bexiga podem precisar de cirurgia.
Por esse motivo o tratamento vai variar de acordo com cada paciente, pois depende da intensidade dos sintomas, do quanto isso afeta nas atividades do dia a dia de cada um e principalmente na qualidade de vida.
As formas de tratamento podem ser observação e acompanhamento, uso de medicamento ou cirurgia.
O uso de medicamentos inclui os bloqueadores alfa1-adrenérgicos, que relaxam os músculos em volta do colo da bexiga, fazendo com que a urina saia mais facilmente, e também os inibidores da 5-alfa-redutase, que diminuem o tamanho da próstata.
O tratamento cirúrgico tem como os principais a RTUP (ressecção transuretral da próstata) e a prostatectomia suprapúbica. A primeira é considerada minimamente invasiva, pois é realizada uma retirada endoscópica do tecido da próstata através de uretra, representando uma melhora na maioria dos pacientes. Já a prostatectomia suprapúbica é conhecida como a cirurgia aberta e é indicada para pacientes que tenham volume prostático superior a 80-100g.

Relação entre HPB e câncer de próstata

A HPB, como já visto, é uma doença comum entre homens acima de 40 anos, e o câncer de próstata é o tipo mais comum entre a classe masculina. O câncer se desenvolve quando as células da próstata começam a se multiplicar e crescer sem controle, muitas vezes pode ser um processo lento e imperceptível, pois pode não gerar sintomas. No entanto, há casos em que o processo é muito acelerado e o câncer vai se desenvolvendo rapidamente, se faz necessário então, um tratamento imediato para evitar que ele se espalhe para outros órgãos.
A diferença entre ambas as doenças se dá pelo fato da hiperplasia ser uma lesão benigna, ou seja, não ter complicações graves, enquanto que no câncer as células da próstata perdem sua inibição e crescem invadindo tecidos vizinhos. É importante lembrar que o câncer é um processo maligno e pode trazer consigo outros problemas.
O que vai diferenciar a HPB do câncer é associação do exame retal, que avalia o tamanho da próstata, juntamente com o teste de PSA, pois realizar apenas um deles não exclui uma das doenças. Níveis elevados de PSA, por exemplo, podem sugerir câncer de próstata, mas o diagnóstico requer confirmação laboratorial na maioria dos casos.
A HPB não é um fator de risco conhecido para o câncer de próstata, embora os dois coexistam frequentemente, pois a idade é o mais forte agravante de risco de câncer, juntamente com o histórico familiar.
Portanto é importante deixar claro que a HPB não é maligna, não é a mesma coisa que câncer e que ela tem cura. Deve-se sempre procurar um médico se aparecer quaisquer sintomas e nunca se automedicar, pois como visto, pode haver confusões entre as doenças.

Referências Bibliográficas

1. CHANG, R.T.; KIRBY, R.; CHALLACOMBE, B.J. Is there a link between BPH and prostate cancer? The Practitioner, 2012. V. 256 (1750), pp.13-6, 2
2. FONSECA, J. F., PALMAS, A. S. HPB, Sintomas e impacto na qualidade de vida. Disponível em URL: <http://www.apurologia.pt/medicina_familiar/hpb.pdf>
3. GOLDMAN, L.; AUSIELLO, D. Cecil Medicine. 23 ed. Saunders, Elsevier, 2008.
4. LOPES, A.C. Tratado de Clínica Médica. 2 ed. Roca, 2009.
5. MARKS, L.S.; ROEHBORN, C.G.; ANDRIOLE, G.L. Prevention of Benign Prostatic Hyperplasia Disease. The Jounal of Urology. V. 176, p. 1299-1306, 2006

Links Relacionados

1. American Urological Association. Guideline on Management of Benign Prostatic
http://www.auanet.org/content/guidelines-and-quality-care/clinical-guidelines/main-reports/bph-management/chapt_1_appendix.pdf
2. Embolização seletiva da próstata para tratamento da HPB: mito ou realidade? http://www.rvmais.com.br/email/sbu/sbuonline/006/sbuonline006_D.html
3. Perguntas e Respostas sobre Hipertrofia Prostática Benigna (HPB)
http://charlesrosenblatt.com.br/prostata/hipertrofia-de-prostata/perguntas-e-respostas-em-hipertrofia-prostatica-benigna-hpb
4. Principais problemas que acometem a próstata
http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/prostata/
5. Prostate Cancer Foundation: about the prostate
http://www.pcf.org/site/c.leJRIROrEpH/b.5802023/k.B322/About_the_Prostate.htm

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