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Editora: Cristiane F. Heinzen

Introdução

A palavra "adolescente" deriva da palavra latina "adolescere", que significa "tornar-se adulto", noção esta que é vaga e imprecisa. Na realidade não é fácil definir adolescência pois trata-se de um período da vida do indivíduo, de limites mal definidos, em que ainda não é reconhecido pela sociedade como adulto mas também não é considerado uma criança. 

Poderemos dividir a adolescência em dois períodos. O primeiro, a que se chama puberdade, começa sensivelmente entre os 10 - 12 anos nas meninas e os 12-14 anos nos rapazes. É caracterizado por grandes alterações físicas e psicológicas e, para a menina tem o seu início com o aparecimento da menarca (primeira menstruação) e, para o rapaz, com o aparecimento das primeiras ejaculações.

No segundo período da adolescência, que decorre, sensivelmente, entre os 15 e os 20 anos, predominam os aspectos do desenvolvimento psicossocial. Este período é caracterizado, sobretudo, pela afirmação pessoal e pela necessidade de pertencer a um grupo.

Na nossa sociedade, enquanto que, para o início da adolescência, existe um marco objetivo (menarca e primeiras ejaculações), o seu final é bastante difuso, já que aí não temos nenhum acontecimento biológico que nos indique com relativa precisão a entrada na idade adulta , não são limites cronológicos, mas eminentemente sociais e culturais, traçados fundamentalmente pela sua capacidade ativa, ou seja, pela capacidade de participação na produção e reprodução da própria sociedade.

Poderemos considerar que, a independência econômica e a saída de casa dos pais são os principais acontecimentos que determinam a entrada no mundo dos adultos. Assim, o termo juventude parece surgir como um estatuto criado pela própria sociedade para os indivíduos que, apesar de física e psicologicamente já não serem adolescentes, socialmente ainda não são considerados adultos.

(<figura1/planeta.terra.com.br/.../ portaldaescola/11.htm>)

Transformações Físicas na Adolescência

Como já foi referido, a adolescência inicia-se com a puberdade, que se traduz por múltiplas e importantes modificações morfológicas e psicológicas. Ao iniciar-se a puberdade, processos complexos, estimulam a atividade de uma glândula, originando a produção de hormônios sexuais. Estas vão estimular a maturação e consequente atividade das gônadas (ovários e testículos), que, por sua vez, vão segregar os hormônios (testosterona pelo testículo e estradiol pelo ovário), levando ao aparecimento e desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, que condicionam um maior dimorfismo sexual.

O início da puberdade é variável de indivíduo para indivíduo, sendo muitos e variados os fatores que influenciam o seu desencadear, como por exemplo fatores climáticos, genéticos, nutricionais e socio-econômicos. No entanto, habitualmente acontece cerca de um a dois anos mais cedo na menina do que no menino. E, apesar de terem características comuns, as manifestações da puberdade masculina diferem bastante das da feminina.

Nos rapazes os primeiros sinais da puberdade, são o aumento do tamanho e amadurecimento dos testículos, do pênis e da bolsa escrotal, assim como o aparecimento da pilosidade púbica e axilar. Posteriormente, desenvolve-se a pilosidade noutras regiões do corpo, nomeadamente na face.

Outras modificações vão surgindo nesta idade, como sejam um surto de crescimento, o desenvolvimento da massa muscular, o aumento da pigmentação do escroto e do pênis, o aumento do diâmetro das aréolas mamarias, o aparecimento do acne e da seborréia, intensificação na transpiração, a mudança no tom de voz que se torna mais grave, e aproximadamente um ano depois o início das ejaculações. A idade em que os testículos começam a produzir esperma não se conhece muito bem, no entanto alguns estudos mostram que, em 50% dos rapazes com mais de 14 anos, o esperma já estaria presente.

Nas meninas os primeiros sinais da puberdade, são o surgimento da menarca (que é o nome da primeira menstruação), o aparecimento dos pêlos nas axilas e na genitália (vulva) e o aumento da oleosidade da pele, com o surgimento da acne, desenvolvimento do tecido mamário com a formação do chamado botão mamário.

À nível dos órgãos genitais a vulva torna-se mais rosada e úmida, dá-se o aumento do tamanho e da pigmentação dos grandes e pequenos lábios, o desenvolvimento do sistema vascular do clitóris, o aumento do tamanho da vagina com o desenvolvimento muscular das suas paredes e uma secreção mais ácida da sua mucosa. Os ovários aumentam rapidamente de volume assim como as trompas e o útero. As meninas completam suas mudanças em três ou quatro anos, enquanto os meninos completam as suas em quatro ou cinco anos.

(<figura2/www.stegun.com.br/ ilustras.htm>)

Transformações psicossociais na adolescência

Na adolescência há um brusco aumento de hormônios sexuais, o que nos meninos produz um notável aumento do erotismo, podendo causar situações embaraçosas devido à persistência e recorrência de ereções do pênis. As meninas experimentam desejo sexual menos intenso; a despeito disso, podem passar a maior parte do seu tempo falando ou pensando em meninos.

A média de idade da primeira relação sexual é de aproximadamente 16 anos em nossa cultura. As meninas que não tiveram a experiência de um pai, ou que tiveram um relacionamento mau definido com seus pais se tornam sexualmente ativas mais cedo e inclinam-se a ter mais parceiros. As meninas tendem a procurar um relacionamento romântico, enquanto os meninos procuram uma aventura sexual.
Nos adolescentes, em simultâneo com o desenvolvimento físico, entra em atividade uma revolução psicológica e social profunda e duradoura. Todo este processo é influenciado pelas particularidades individuais e pelo contexto sociocultural em que estão inseridos. Diante da obrigação de deixar o mundo fechado e protegido da infância para se inserir numa sociedade que descobrem, os adolescentes vão reagir e comportar-se em função do seu temperamento, da sua história pessoal, do seu meio familiar, da sociedade e da atitude desta a seu respeito.

O processo de transformações psicossociais que envolvem o adolescente, "a crise da adolescência", é caracterizada pelas confusões, contradições e ambivalências, vivendo o adolescente numa oscilação permanente entre dois pólos: independência (necessidade de autonomia) e dependência (necessidade manifesta de proteção).

As modificações fisiológicas, o despertar de desejos e sentimentos até então desconhecidos, as oscilações emocionais, dão ao adolescente a impressão de que é uma pessoa diferente. Esforça-se por quebrar os laços que o ligam à infância, procurando frequentemente afirmar-se pela negação, utilizando muitas vezes argumentos pouco convincentes; por vezes sente necessidade de repudiar o passado, confusão na forma de lidar com as relações.

Em geral, os meninos, assim que conseguem realizar um ato sexual, tendem a espalhar a notícia, numa necessidade exibicionista, seguida de desprezo à parceira. Isso também é próprio de uma cultura que valoriza o machismo e fecha as possibilidades para uma imagem mais integrada e menos consumista do ser humano.

Às meninas resta, muitas vezes, renderem-se a essa situação por falta de condições diferentes. A pornografia, o álcool, as drogas, e as gangues também passam a ser alvo de interesse. Por outro lado, nessa fase, observa-se, também, um afloramento da criatividade, do otimismo, do desejo de justiça, de um idealismo, de buscar tudo que possa tornar a vida melhor. São qualidades que precisam ser acolhidas e aproveitadas pela família e pela sociedade no geral.

(<figura3/www.bandasoldier.hpg.ig.com.br/ sexualidade_na...>)

O Adolescente e a Família

A unidade familiar sofre constantes alterações na sua dimensão, estrutura e atividade, à medida que cada um dos seus membros percorre o seu ciclo de vida pessoal. O equilíbrio de relações que a criança estabelece com os pais durante a infância é fortemente sacudido durante a adolescência, na altura em que o jovem necessita buscar sua independência em relação a eles. Assim, as relações familiares são influenciadas pelas transformações dos adolescentes, podendo, por sua vez facilitar ou dificultar as transições porque eles passam durante esta fase.

O jovem adolescente terá que abandonar pouco a pouco a sua dependência face aos pais e caminhar para uma progressiva autonomia face à família. As dificuldades que os pais apresentam ao lidar com os seus filhos estão muitas vezes relacionadas com a forma como decorreu a sua própria adolescência. É como se os pais ao viverem a adolescência dos seus próprios filhos, estivessem a reviver a angustia da sua própria adolescência e, portanto, como que repetem na sua relação com os filhos as dificuldades que tiveram outrora com os seus próprios pais. No entanto, para os adolescentes, e muitas vezes de forma inconsciente, os pais continuam a ser um modelo de adulto, indispensável na formação da sua identidade.

O papel de pai e mãe, abertos ao diálogo e não fazendo o papel de censores, será decisivo para que o adolescente tenha uma vivência saudável de sexualidade. No entanto, é importante sabermos que por mais que tenhamos pais abertos e presentes, essa experiência inevitavelmente ocorrerá, porque são experiências individualizadas e únicas.O final da adolescência marca, para o jovem, a superação do desafio de buscar a sua identidade e liberdade, conquistas que dependem da renúncia aos pais da infância e do reconhecimento da sua individualidade. O que importa, nesse momento, é libertar-se do pai e abrir caminhos para a vida adulta.

O Adolescente e o Grupo

Diminuindo a dependência afetiva face aos pais, característica do período infantil, o adolescente vai alterar também a relação com os companheiros e o grupo vai revestir-se de grande importância no seu desenvolvimento emotivo, é no grupo que o adolescente procura novas fontes de afeto, novos modelos, novas formas de identificação.

É também o grupo que lhe permite a partilha de segredos e de experiências e que lhe dá, por algum tempo, a identidade social de que carece. A adesão a um grupo representa também para o adolescente maior 0proximidade à sociedade adulta, pois esta é toda ela feita de grupos: a turma da escola, a classe social, o grupo desportivo, o clube, o partido político, etc.

O grupo é habitualmente formado por adolescentes da mesma idade ou de idades aproximadas, estabelecendo-se entre os seus elementos uma contínua comparação.

Em cada grupo, os adolescentes tornam-se "monotonamente iguais" - fazer parte de um grupo cujos elementos se assemelham na maneira de vestir, comportar e agir, dá estabilidade e um sentimento de pertencer a algo, o que é importante durante estes anos de transição.

Nesta procura de identidade e de segurança dentro do grupo, querendo igualar-se continuamente uns aos outros, a pressão sentida pelo adolescente pode ser grande, podendo gerar sensações de insegurança e até "complexos" de inferioridade. As relações em grupo acontecem em meio a sentimentos intensos de ódio, inveja, competição e traição. Uma alternativa para ajudar o adolescente a canalizar parte dessa violenta carga de emoções é o acesso a atividades esportivas.

(<figura4/www.buscadornet.com.br>)

Masturbação

É na adolescência que se intensificam a masturbação e, muitas vezes, ocorrem as primeiras relações sexuais. Vale dizer que a masturbação faz parte do desenvolvimento da sexualidade de todas as pessoas: não causa doença, não vicia e nem mesmo é feio, sujo e pecaminoso. Essa “brincadeira” de descoberta do próprio corpo e prazer, cada um pratica da forma que melhor lhe convêm. Não existe uma idade certa.

As pesquisas na área da sexologia mostram que ela é mais freqüente na adolescência e na velhice. E na adolescência, porque a sexualidade está “à flor da pele”, com a mudança do corpo, da cabeça e dos hormônios que estão “trabalhando a todo vapor”. Não existe uma freqüência certa. Cada pessoa tem um “relógio interno” muito próprio e um prazer muito individual que decide o que lhe é apropriado. Por isso, a freqüência normal vai depender do ritmo “ideal” para cada um. Podemos dizer que, até os 10/12 anos, eroticamente, o indivíduo está muito voltado para si mesmo, para coisas suas. A partir daí, percebe que a excitação do seu pênis ou da vagina, assim como o tocar o próprio corpo, emana sensações muito prazerosas.

Consideramos isso mais uma etapa de exercitar consigo mesmo, para depois conseguir o outro, o diferente, a pessoa do sexo oposto. No início é auto-erótica, ou seja, o jovem está mais voltado para si mesmo, para o seu corpo. E o que prevalece aqui é a masturbação, que não vem acompanhada, necessariamente, de fantasias com um objeto sexual.

É uma atividade importante porque proporciona um conhecimento do corpo e das sensações que provêm dele e é também um ensaio para a futura sexualidade heterossexual. Além disso, pode ser usada como descarga de impulsos agressivos e válvula de escape para situações de tensão, frustração e conflito, possibilitando, assim, uma compensação ao sofrimento. Mesmo em condições mais liberais, o adolescente poderá sentir-se culpado com a prática masturbatória, pois em nossa cultura ela ainda está associada a pecado, a sujeira e a diversos mitos. Parte do desenvolvimento normal.


Ereção


        É sinal de que o menino está excitado. Isto ocorre na maioria das vezes quando o menino está beijando, fazendo carinho ou pensando em sexo ou em alguma menina. Na adolescência é mais freqüente isso ocorrer “toda hora”, porque o garoto está se descobrindo e a própria sexualidade, sem ter muito controle sobre suas reações. Também é comum o pênis ficar ereto (duro) quando não se está excitado, mas com a bexiga cheia, freqüentemente quando acorda pela manhã, com vontade de urinar.

(<figura5/www.terravista.pt/ baiagatas/1467/faq.html>)

Definição sexual

O comportamento homossexual de forma transitória está presente em muitos meninos e meninas nesta fase, o que é, em grande parte, devido a restrições culturais ao contato heterossexual durante a adolescência, que evitam efetivamente a experimentação heterossexual. Como estamos vendo, a adolescência é um processo de “busca” de uma identidade, sendo a identidade sexual peça determinante. E durante essa “busca”, são comuns as fantasias ou os contatos com o mesmo sexo.

Quer dizer, a iniciação sexual se faz, muitas vezes, entre rapazes com rapazes e entre moças com moças. O que não significa que eles serão homossexuais quando se tornarem adultos. Esse tipo de comportamento não é mais que uma etapa na evolução afetiva. Uma adolescência que não tenha as fantasias de desejo em relação ao próprio sexo, assim como em relação ao sexo oposto, algo pode estar errado.

A relação de amizade com os amigos do mesmo sexo é uma forma de proteger-se do contato com o sexo oposto, que é muito desejado, mas muito temido também. É um momento em que vemos as amizades idealizadas, onde a escolha do amigo pode se basear naquela qualidade que o outro tem e que é muito admirada. Nas meninas, é freqüente a paixão por uma amiga ou por uma pessoa reconhecida como especial. Com o avanço da adolescência, por volta dos quinze anos, o jovem vai começando a definir, lentamente, sua inclinação sexual. A busca das relações adquire novos aspectos.




Referências Bibliográficas

AJURIAGUERRA, J. de. Manual de Psiquiatria Infantil. 2 ª edição Ed. Atheneu,1997.

DOLTO, Françoise. Psicanálise e Pediatria. 4ª edição, Rio de Janeiro:Ed.Guanabara Koogan.

LEWIS, Melvin. Tratado de Psiquiatria da Infância e Adolescência. Porto Alegre : Artes médicas, 1995.

BEHRMAN, E. Richard. , KLIEGMAN, M. Robert. Nelson Princípios de Pediatria, 3 ª edição, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1999.

http://www.geocities.com/Heartland/Plains/8436/sexualidade/html

http://homepage.oninet.pt/517mbw/A%20sexualidade%20na%20adolescencia%20.pdf

http://www.pailegal.net

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http://www.terravista.pt/baiagatas/1467/fat.html

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